
Em entrevista ao portal Piauí Hoje, no início da tarde desta quarta-feira (28.05), a filósofa, professora e ativista Márcia Tiburi abordou temas como feminismo, violência política de gênero e sua experiência de autoexílio durante o governo Bolsonaro. A conversa, mediada pelo jornalista Luiz Brandão e com a participação do professor Wellington Soares, destacou ainda a importância da filosofia na esfera pública e a luta pelos direitos das mulheres.
Questionada sobre a eficácia de seu ativismo, Tiburi afirmou: "Espero que minha luta surta ainda mais efeitos no futuro. A filosofia deve ser um método de diálogo público para melhorar nossa esfera política, tão marcada por ódio e opiniões infundadas."
Márcia Tiburi relembrou sua trajetória de décadas dedicadas ao feminismo, mesmo antes do tema ganhar visibilidade no Brasil. "Há 20 anos, quando quase não se falava em feminismo, eu já denunciava a violência patriarcal. Hoje, vejo avanços, mas a misoginia ainda é uma estratégia política."
Autoexílio e retorno ao Brasil
Tiburi deixou o Brasil em 2018 após perseguições da extrema direita, incluindo invasões a lançamentos de seus livros e ameaças. Foi acolhida por uma instituição internacional que protege escritores perseguidos, a mesma que assistiu Salman Rushdie após o atentado que sofreu em 2022.
Sobre o retorno, ela disse: "Aprendi que amo meu país e não posso viver sem ele. O Brasil é o futuro, mas está no centro de disputas cruciais, como a crise climática. Voltei para lutar ao lado do meu povo."
Márcia Tiburi no Piauí Hoje Violência política contra Marina Silva
A filósofa condenou o episódio de agressão verbal sofrido pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no Senado. "Foi uma estratégia misógina para humilhá-la. Homens usam violência política para tirar mulheres do jogo. Marina, uma das líderes mais importantes do mundo, foi atacada por borra-botas que não toleram uma mulher no poder", disse a professora.
Tiburi relacionou o caso ao machismo estrutural e ao livro "Como Derrotar o Turbo-Teco-Macho Nazi-Fascismo", no qual ela analisa táticas de opressão de gênero.
Livros e crítica ao capitalismo
Seu trabalho mais recente, "O Mundo em Disputa: Design de Mundo – Distopia Naturalizada" (2023), critica o capitalismo como uma "distopia vendida como o melhor dos mundos". Segundo Tiburi, é preciso reinventar a utopia. "O capitalismo nos rouba a imaginação política para criar alternativas", diz a filósofa.
Márcia Tiburi após palestra em Teresina na noite de terça-feira (27.05)Educação no Piauí
A filósofa elogiou o projeto educacional coordenado por Wellington Soares, que prepara estudantes para o Enem: "O Piauí é um exemplo. Esses jovens me surpreenderam com perguntas inteligentes e compromisso com a filosofia", disse.
O estado do Piauí ocupa o 1º lugar no Nordeste e 4º no Brasil no Ideb, com mais de 8 mil aprovados no Enem e redações acima de 900 pontos.
Entrevista
Clique aqui e assista a entrevista completa de Márcia Tiburi ao jornalista Luiz Brandão no estúdio do portal Piauí Hoje.