
O Brasil oficializou sua entrada na Opep+, grupo que reúne os principais países exportadores de petróleo e seus aliados, após aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nesta terça-feira, 18 de fevereiro. O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que destacou a importância estratégica da decisão para o país.
"O Brasil foi convidado a integrar a carta de cooperação da Opep+. Hoje, discutimos nossa adesão a três organismos internacionais: a Agência Internacional de Energia (AIE), a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) e a Opep+. Iniciamos o processo de adesão a todos eles", afirmou Silveira.
A Opep+ é uma extensão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), criada em 1960, que atualmente reúne 13 grandes produtores de petróleo, incluindo Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. A Opep+ inclui países aliados que, embora não sejam membros plenos, colaboram na regulação da produção e na mediação de políticas do setor.
A decisão do Brasil de ingressar na Opep+ ocorre em um momento estratégico, às vésperas de sediar a COP30 em Belém, e visa ampliar a influência do país no mercado energético global, além de impulsionar o debate sobre a transição energética dentro do bloco. O governo brasileiro acredita que a participação no grupo permitirá um diálogo mais aprofundado sobre políticas energéticas e oportunidades de cooperação internacional.
Entretanto, a adesão gerou críticas de ambientalistas, que consideram contraditório o país participar de um fórum vinculado à produção de combustíveis fósseis enquanto se compromete com a proteção ambiental. Questionado sobre a polêmica, o ministro Alexandre Silveira rebateu as críticas:
"Eu também sou ambientalista, talvez até mais do que eles. Quero entender o que está por trás desse discurso de que é uma contradição participar de um fórum que discute transição energética", declarou o ministro.
Silveira enfatizou que o petróleo continua sendo uma fonte energética global relevante e que, enquanto houver demanda, é estratégico que o Brasil conheça e explore suas potencialidades minerais, incluindo a Margem Equatorial. Ele defendeu a exploração responsável e sustentável dos recursos naturais do país, alinhando desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
Além da adesão à Opep+, o CNPE aprovou a inclusão de quatro blocos — Hematita, Siderita, Limonita e Magnetita — para licitação em regime de partilha de produção no sistema de Oferta Permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esses blocos estão localizados no polígono do pré-sal, especificamente na Bacia de Campos, nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A expectativa é que a licitação desses blocos resulte em uma arrecadação governamental superior a R$ 522 bilhões durante a vida útil dos projetos, com investimentos previstos de R$ 511 bilhões no período.
A entrada do Brasil na Opep+ não implica compromissos obrigatórios de cortes ou ajustes na produção de petróleo, permitindo que o país desenvolva sua política energética de acordo com seus próprios interesses. Com essa decisão, o Brasil busca fortalecer sua posição no cenário energético internacional, equilibrando desenvolvimento econômico e compromisso com a sustentabilidade ambiental.
Veja abaixo os membros da Opep +:
- Russia
- Azerbaijão
- Cazaquistão
- Bahrain
- Brunei
- Malásia
- México
- Omã
- Sudão do Sul
- Sudão
Fonte: O Globo