Arte e Cultura

FLORESTA FÓSSIL

Floresta Fóssil de Teresina é visitada por turistas e estudantes de todas as áreas

Estudantes do IFPI e Uninassau visitaram o parque Floresta Fóssil nesta quinta-feira (15)

(*) Por Ingrid Santana

Quinta - 15/08/2024 às 15:17



Foto: Ingrid Santana Entrada do Parque Floresta Fóssil
Entrada do Parque Floresta Fóssil

No segundo dia da programação da Semana do Patrimônio do IPHAN, nesta quinta-feira (15), estudantes do 8º período de Arquitetura e Urbanismo da Uninassau (Faculdade Maurício de Nassau) e do 1º ano do curso de Edificações do IFPI (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí) participaram de uma visita guiada no Parque Floresta Fóssil.

Estudantes durante a visitação guiada na Floresta Fóssil. Foto: Ingrid Santana

A arqueóloga do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Luzia Leal, mostrou aos estudantes os troncos petrificados com madeira fossilizada em posição de crescimento que datam 280 milhões de anos atrás. Este é o único sítio paleontológico situado em uma capital e também na malha urbana de uma cidade onde o fenômeno pode ser observado. Os troncos petrificados são Gimnospermas. Através de seus vários anéis circulares é possível datar a idade de existência do fóssil. Esses troncos são mais antigos do que os dinossauros e a existência humana.

Luzia Leal, arqueóloga do IPHAN. Foto: Ingrid Santana

A Floresta Fóssil foi descoberta em 1909, por um geógrafo chamado Miguel Lisboa, e desde a descoberta desses fósseis, o poder público vem buscando criar leis para poder proteger este local. Nós temos a lei de criação de parque que é da década de 90, temos lei de tombamento, tanto pelo estado em 1998 e foi tombada pelo Iphan em 2003 e o processo terminou em 2011, então ela tem dois tombamentos só falta o municipal. O que falta são ações de fato, coisas básicas que ajudam muito, como por exemplo, limpeza. Nosso parque ainda não tem condições adequadas para receber visitantes, explica a arqueóloga.

Luzia destaca que o parque é muito importante e foi reconhecido pelo estado e o Governo Federal como Patrimônio Nacional. "Há 280 milhões de anos, os troncos fossilizados eram árvores chamadas 'Gimnospermas', que são semelhantes às araucárias e pinheiros na região Sul do Brasil, ou seja, nesta região, a gente tinha uma vegetação parecida com o Sul do Brasil, olha que interessante. Outra coisa que torna esse lugar tão especial e exclusivo são as posições que os troncos são encontrados, nós temos vários troncos fossilizados em posição de vida, isso é raríssimo de acontecer, em posição de vida aqui na América Latina, só tem aqui em Teresina", explica.

Tronco de uma árvore Gimnosperma com anéis circulares que datam a idade do fóssil. Foto: Ingrid Santana

Tronco petrificado. Foto: Ingrid Santana

No último mapeamento 2014-2015, feito pelo plano de manejo que o IPHAN pagou foram identificados e mapeados 53 fósseis, a maioria estão na margem Ilhotas, ou seja, na margem à direita do Rio Poti.

Patrícia Mendes, arquiteta, professora e coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uninassau, afirma que o parque é um dos principais bens culturais do Piauí e um dos únicos sítios paleontológicos do mundo. "Isso tem que ser falado sempre porque acaba que o nosso povo ainda tem a memória, vamos dizer assim, muito fraca, e acaba que se esquece. Aqui é um local maravilhoso, tanto pela parte ambiental , como a parte da própria história, paleontologia e agora está tendo também a construção de um centro cultural aqui que vai fazer toda essa conexão. Fora isso, tá na malha urbana e assim tá do outro lado, de repente, você que tá no shopping passa para o outro lado da rua e já está na Floresta Fóssil", manifesta.

Patrícia Mendes, arquiteta, professora e coordenadora de Arquitetura e Urbanismo da Uninassau. Foto: Ingrid Santana

O tombamento foi pelo estado e o Iphan, o que poderia melhorar isso, seria a entrada do município [Teresina]. Se juntasse, o município, o estado e o Governo Federal seria maravilhoso. A gente tem que falar também do guardião disso tudo que é o povo, a sociedade. Se a sociedade não vem aqui, não participa, não visita e eu cobro aqui, faço uma cobrança aos órgãos, como a Secretaria de Turismo tanto a municipal quanto a estadual, para utilizar melhor esta área que não faz visitas guiadas pra cá, declara.  

O sítio paleontológico, Parque Floresta Fóssil, fica localizado na Avenida Raul Lopes, em Teresina, às margens do Rio Poti, com madeira fossilizada do período Permiano, em uma área de 13 hectares. O parque vai abrigar um Museu de Arqueologia e Paleontologia, às margens do Rio Poti, que está em processo de construção desde 2018, sem um prazo para término das obras. A construção do Museu foi aprovada em comissão feita pela Prefeitura de Teresina, Iphan e o estado. Também, há um Centro de Visitante que está em fase de construção, e antes, o local era um campo de futebol.

Museu de Arqueologia e Paleontologia em construção às margens do Rio Poti. Foto: Ingrid Santana

A estudante de Arquitetura e Urbanismo, da Uninassau, Giullia Tavares, conta que com a visitação à Floresta Fóssil pelos estudantes é possível produzir propostas para que melhore a conservação do parque. "Eu gostei bastante deste passeio, e é muito importante porque traz a gente realmente para o campo para acompanhar esse cuidado e possibilita a gente de produzir propostas para melhorar a conservação do parque, que é uma coisa muito importante que a arquitetura e o pessoal da construção como um todo deveria se preocupar, como explicaram pra gente antes, é um patrimônio único e muito raro que a gente tem aqui do nosso lado que poderia ter visitações, a obra ali do museu tem que ser finalizada. Isso aqui é para a sociedade e para o povo teresinense e piauiense", exprime.

Giullia Tavares, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Uninassau, no centro de blusa azul. Foto: Ingrid Santana

O Parque Floresta Fóssil foi tombado pelo estado em 1998, e no IPHAN no início de 2003 e foi concluído o tombamento em 2011. Apesar de ser um lugar acessível e aberto para a visitação, o lugar não tem o seu devido valor e reconhecimento para a população. Em alguns lugares do Parque, encontra-se acúmulo de lixo, resquícios de fogueira e ações de pesca, sem cuidado e nenhuma limpeza. Há também riscos de incêndios, por causa das fogueiras que os pescadores fazem à beira do rio. O lugar é até mesmo usado para uso de drogas ilícitas, sem um serviço de fiscalização para evitar esse ato.

(*) Ingrid Santana é estagiária sob supervisão do jornalista Luís Brandão

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