O Monumento Deusas das Águas, com imagens de Oxum e Iemanjá negras, foi inaugurado no últimoo domingo, 17 de novembro, em alusão ao Dia Nacional da Umbanda. Localizado no bairro Poti Velho, na zona Norte de Teresina, o espaço se torna um novo ponto de fé e também uma atração turística na capital. A obra representa mais uma conquista dos representantes das religiões de matrizes africanas do Estado.
A inauguração ocorreu dentro da programação do XII Cultura Negra, tradicional evento dos povos de Axé do Piauí. A celebração contou com a presença de pais e mães de santo visitantes dos Estados do Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.
Evento contou com mais de três mil religiosos do Piauí, Maranhão, Minas Gerais, Ceará, Bahia e Rio de Janeiro. Foto:Ronnyel Castro
“Esse monumento é mais um marco para nós, representa nossa posição contra a intolerância e o racismo religioso, representa a nossa visibilidade, nós não somos invisíveis, representa o fato de que somos cidadãos e fazemos um trabalho social em Teresina, que realizamos um trabalho cultural, cuidamos de gente em Teresina", comentou Mãe Ruthneia.
O evento contou com apresentações culturais e rituais tradicionais, como o Balé Folclórico, sob o comando da artista Luzia Amélia, e o Padê para Exu, rito que pede bênçãos ao Orixá africano antes de qualquer atividade. Em seguida, mais de três mil umbandistas, candomblecistas, juremeiros, terecozeiros e outros representantes das religiões de matriz africana participaram de um cortejo em direção ao polo cerâmico do Poti Velho, em Teresina.
No local, as celebrações incluíram a consagração das imagens de Oxum e Iemanjá, um Terecô coletivo com cantos e toques que reuniu todos os presentes, o Festival de Tambozeiros e um show com Fernando de Iemanjá, que contou com a participação especial da cantora Mell Tenório. O momento reforçou a força e a união dos povos de Axé durante o XII Cultura Negra.
Em parte, a realização do evento contou com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura - SIEC, através da SECULT, destacando o papel do incentivo público na valorização das tradições afro-brasileiras. Outra parte foi fruto da auto-organização das lideranças de terreiro do Piauí, que, com dedicação, contribuíram para a concretização da celebração.
As imagens de Oxum e Iemanjá, desenvolvidas pelo artesão Jean Pimentel, carregam um valor especial: fazem parte da Arte Santeira do Piauí, reconhecida como Patrimônio Nacional pelo Iphan.
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