Cidade

Seminarista vence Covid-19 e é recebido por amigos após duas internações em Teresina

Luís Vieira chegou a se internar nos hospitais do Parque Piauí e do Monte Castelo até que se curou da doença

Valciãn Calixto

Sexta - 29/05/2020 às 21:49



Foto: Reprodução Luís foi recebido por amigas do grupo Ebenézer
Luís foi recebido por amigas do grupo Ebenézer

Neste sábado (30) o Piauihoje.com conta a experiência de Luís Carlos Vieira, que se curou do novo coronavírus e recebeu alta médica ontem (29). Ele é um dos 505 recuperados na capital, segundo o site da prefeitura de Teresina, cujos dados mais recentes registram 83 mortes e 2.157 casos de Covid-19, sendo o epicentro da doença no Piauí.

Vieira é um seminarista de 31 anos, por meio do Seminário Teológico Batista de Teresina, morador do bairro Mocambinho, na zona Norte e realiza trabalho com adolescentes por meio do teatro gospel. Ele chega a reunir cerca de 200 pessoas por atividade. Detalhe: sem dinheiro algum.

Ação organizado pelo seminarista

Luís foi internado duas vezes neste mês de maio e recebeu três tratamentos médicos diferentes na luta contra o Sars-CoV-2. Resistente a fotos, vídeos e entrevistas, quem conta sobre os dias de dores, dificuldades para respirar e as duas internações que precisou realizar é sua irmã de criação, Carla Mata.

“No início do mês, dia 2 de maio ele começou a sentir os sintomas, estava meio fraco, com indisposição no corpo e já vinha sentindo falta de paladar, não sentia cheiro, não sentia gosto, mas ele não comentou nada com ninguém, só veio comentar no domingo, dia 3 de maio, porque como ele é seminarista, ele não tem renda, é missionário da igreja e aí vive de doações dos irmãos que ajudam a mantê-lo. Ele trabalha com teatro, jovens adolescentes, ajuda e recebe uma oferta da igreja, só que a igreja estava fechada esse tempo todo, então ele passou uma dificuldade”, revela.

Ao sentir os primeiros sintomas, Luís não comentou ou avisou ninguém, nem conhecidos, familiares e tampouco os missionários.

“Ele mora só e aí para não incomodar ninguém não comentou da carência de alimentos em casa, só no domingo. Nesse dia ele estava se sentindo tão fraco que estava se tremendo, daí ele fez um lanche com a gente, tomou uma água e foi embora. À noite me ligou se sentindo mal, com dificuldade para respirar, tosse seca insistente e já na madrugada ele estava com febre alta”, conta.

Ali começava a saga de Luís. Ele foi ao 'postinho' da Vila São Francisco, porém antes já havia feito contato com um médico através do atendimento prévio à Covid, disponibilizado pela Prefeitura. Durante a consulta online identificaram uma possibilidade de infecção e indicaram que, caso piorasse, procurasse a citada casa de saúde.

“Chegando lá já tinha a ficha dele preenchida. Lá foi bem atendido, passaram uma medicação e ele voltou pra casa. No dia 3 de maio ele foi atendido, mas no dia 4, os sintomas foram agravando, já no dia 5 Luís passou mal novamente com falta de ar e aí foi levado para o hospital do Parque Piauí por um conhecido cuja esposa trabalha lá”, diz Carla.

Com a ida ao Hospital do Parque Piauí ele foi tratado a base de azitromicina e hidroxicloroquina, mas o organismo do seminarista não reagiu bem à medicação. “Ele ficou dias 5, 6 e 7, passou mal com um prurido e também sentia uma dor no peito, era uma arritmia por conta da medicação. Já com dor na altura dos rins, possivelmente afetando os rins dele. Ele sentiu esse incômodo para urinar também e voltou para o hospital no dia 8 e foi internado”, detalha.

Já como paciente, ele passou quatro dias internados e na primeira melhora recebeu alta hospitalar e foi enviado para casa. 17 dias depois o quadro de saúde do missionário havia piorado totalmente.

“Continuou o tratamento em casa, mas os sintomas voltaram, quando foi no domingo, dia 24 de maio ele já estava muito mal, com dificuldade para respirar, dor nas costas, foi hospitalizado novamente dia 25 de maio, na segunda-feira”, conta.

Carla relata que Luís teve episódios de desmaios e falta de ar depois que piorou, porém, internado pela segunda vez o quadro de saúde do paciente foi se estabilizando até que ontem recebeu alta médica pela segunda vez. Pelos vídeos a seguir, ele aparenta boa disposição.

“Isso no Hospital do Monte Castelo, zona Sul. O relato é bom, ele disse que foi muito bem tratado o tempo todo por toda a equipe de profissionais, os médicos, os enfermeiros, todos”, comenta.

Na porta de casa, cartazes, bolo, amizade e afeto o esperavam. Durante as internações ele recebeu ajuda com alimentos, roupas de igrejas de Teresina e Timon (MA).


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