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MASSACRANDO UM PEQUENO

Descaso do Pão de Açúcar causa prejuízo de quase R$ 1 milhão à uma empresa de Teresina

De tanto esperar solução do problema sem sucesso e sofrer prejuízos, empresário resolve romper o silêncio e denunciar o descaso; ele vai mover ação na Justiça

Cintia Lucas

Quarta - 12/05/2021 às 19:26



Foto: Cintia Lucas Infiltração causada pela câmara frigorífica do Pão de Açúcar parou a produção de roupas da loja Jump Fitness
Infiltração causada pela câmara frigorífica do Pão de Açúcar parou a produção de roupas da loja Jump Fitness

O descaso de 15 anos para realização de uma obra no supermercado Pão de Açúcar da avenida Homero Castelo Branco, na zona Leste de Teresina, já causou um prejuízo de quase R$ 1 milhão à indústria de roupas Jump Fitness, locatária de uma loja no mesmo prédio onde o supermercado está instalado.

De tanto tentar resolver o problema sem sucesso e ter prejuízos seguidos, ano a ano, o empresário Eduardo Ferreira, dono da Jump, resolveu romper o silêncio e denunciar o descaso do Pão de Açúcar e promete mover uma ação judicial.

Eduardo tem tudo sobre o caso documentado em vídeo e fotografias. Tem também um laudo pericial do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA/PI, mostrando as falhas e problemas no prédio que prejudicam sua empresa quase que diariamente.

A fábrica da Jump Fitness funciona no local. A loja fica com a frente para a avenida João XXIII, no bairro São Cristóvão. É locatária de salas no prédio, desde que começou a funcionar, há  18 anos, e amarga prejuízos há pelo menos 15 anos devido ao descaso do Pão de Açúcar, que não se responsabiliza pelas infiltrações causadas por sua câmara frigorífica, instalada na parte de cima da loja.

De acordo com Eduardo Ferreira, a Jump produz confecções e a água se infiltra pelo teto e pelas paredes de todas as salas, causando umidade e mofo. Os pingo que vêm da água das câmaras frigoríficas do Pão de Açúcar molham as roupas, mesas, máquinas e tecidos,  causando enormes prejuízos para a empresa.


"Já perdi a conta do número de funcionários que pediram para sair por causa do mofo e dos pingos que caem sobre eles e nos clientes. Meu prejuízo já calculado durante todos esses anos, sem correção, chega a mais de R$ 800 mil", diz o empresário.

Segundo o empresário, a loja já perdeu mais de três mil peças de roupas durante todo esse tempo. "A umidade causa manchas e o mau cheiro fica impregnado nas peças", explica.

Eduardo mostra que seu primeiro contato com a sede do Pão de Açúcar, em São Paulo, foi feito em 2012, através de e-mail. "Eu já estava sofrendo muito com o problema quando resolvi entrar em contato com eles. Me responderam com um pedido de desculpas e que iriam tomar providências sobre o assunto", lembra o dono da Jump.

Teto do banheiro inservível por causa das infiltrações
Somente agora, nove anos depois, sem nenhum planejamento, resolveram mandar uma empresa para reparar o que está estragado no prédio. A área de produção e a loja simplesmente foi fechada por falta de condições de qualquer funcionário ou clientes pelo menos entrarem no estabelecimento.

Para Eduardo, o maior entrave para a resolução do problema é a falta de diálogo entre ele e o Pão de Açúcar. “Foram várias as vezes em que fui no supermercado daqui e mandaram enviar e-mails para São Paulo. Mando e fica por isso mesmo. Eles mandaram agora uma empresa que não conheço fazer o serviço, que não sei qual é direito, pois nunca me mostraram o projeto e nem sei quando vai ficar pronto. Toda a minha produção está parada devido a essa obra que não tem fim”.

A empresa terceirizada para realizar a obra, a Engenhasa, de Salvador (BA), sublocou empresa de Teresina para fazer o serviço sem apresentar nenhum projeto ou lista do que seria realizada na área locada pela Jump.

Paredes sem reboco e cheias de mofoEduardo está visivelmente abalado com a parada na produção de suas peças. O empresário se queixa dos prejuízos já causados pela pandemia da Covid-19. "Nossa produção ficou prejudicada por um tempo e agora, quando retomamos, vem essa parada por falta de planejamento da obra", reclama.

O empresário é consciente de que lutar contra grande empresa na Justiça é difícil e exige tempo e dinheiro, coisa rara, principalmente em um período de pandemia como esse.

“Eu não durmo e não como direito. Tenho funcionários para pagar, impostos, encargos e estrutura para manter. O supermercado precisa dar celeridade a essa obra pelo bem da minha empresa e minha saúde também”, finaliza.

Tecidos e outros materiais empilhados em mesas para evitar mais prejuízos
CHUVA EM 2020

Um dos maiores prejuízos causados pelo Pão de Açúcar para a Jump Fitness aconteceu no ano passado, quando uma forte chuva fez com que uma parte do teto do supermercado cedesse e quebrasse a calha que protege a loja.

“O forro do teto caiu. A água invadiu a loja. Todos os móveis e confecções ficaram debaixo d’água e meu prejuízo foi enorme. Fui até o supermercado falar sobre o problema e ninguém me recebeu”, disse o empresário.

Versão

Em nota, o Pão de Açúcar informou que "as obras necessárias para evitar infiltrações em sua loja foram concluídas e que já fez tentativas de contato para realizar os reparos na loja vizinha. A rede reforça que permanece à disposição". 

A nota do Pão de Açúcar parece um deboche. Não há nenhum documento, e-mail que comprove o contato do supermercado com a "loja vizinha", como afirma na nota. 

A loja Jamp está parada por causa de uma obra iniciada pelo supermercado dia 4 de maio e até agora não concluída. A Obra está parada. A loja está cheia de restos de material de construção, o que impede a empresa de retomar sua produção.

Forro da loja da Jamp caiu onde os clientes fazem suas compra

Roupas da Jump espalhadas na calçada para secar após chuva e vazamentos no teto da loja

Estantes de madeira com mofo por toda parte

Mesas de corte de tecidos para produção destruídas pela água que caiu do teto

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