Brasil

TECNOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA

Tecnologia da Unesp detecta metanol em bebidas por apenas R$ 10 e em 15 minutos

O método simples e de baixo custo pode identificar rapidamente bebidas adulteradas com a substância tóxica

Da redação

Domingo - 05/10/2025 às 11:30



Foto: Larissa Modesto/Unesp Araraquara Kit desenvolvido pela Unesp identifica metanol em bebidas e combustíveis em apenas 15 minutos e com custo de R$ 10
Kit desenvolvido pela Unesp identifica metanol em bebidas e combustíveis em apenas 15 minutos e com custo de R$ 10

Uma tecnologia desenvolvida no Instituto de Química da Unesp, em Araraquara (SP), voltou a ganhar destaque. Criado há três anos, o método rápido, barato e fácil de usar é capaz de identificar a presença do metanol em bebidas e combustíveis em apenas 15 minutos, com custo de R$ 10 por teste.

Apesar do potencial, o kit ainda não chegou ao mercado por falta de parceiros comerciais. O projeto, patenteado desde 2022, foi desenvolvido pela pesquisadora Larissa Alves de Mello Modesto, à época mestranda da universidade.

“A patente está disponível há três anos para que uma empresa produza o kit e o comercialize. O problema é que o controle de metanol em bebidas foi negligenciado até essa tragédia nacional”, afirmou Larissa Modesto, hoje mestre em Química e analista de desenvolvimento analítico.

Kit identifica metanol em bebidas e combustíveis

O kit criado pela Unesp é capaz de detectar adulterações em cachaça, uísque, vodca, etanol e gasolina. A grande vantagem está na simplicidade do processo e no baixo custo de aplicação.

Enquanto métodos tradicionais, como a cromatografia gasosa, podem custar até R$ 500 por amostra, o teste da Unesp tem preço estimado em R$ 10, com resultados obtidos em poucos minutos e sem necessidade de conhecimento técnico especializado.

“É uma sequência de reações químicas que determinam a presença de metanol na amostra. Qualquer pessoa minimamente treinada consegue usar”, explicou Larissa.

Como funciona o teste

O processo ocorre em duas etapas simples:

Reação inicial: é adicionado um sal à amostra. Se houver metanol, ele se transforma em formol.

Revelação: um ácido é adicionado, provocando mudança de cor conforme o nível de contaminação.

As cores indicam diferentes concentrações da substância:

Verde: sem contaminação.

Verde amarronzado: 0,1% a 0,4%.

Marrom: 0,5% a 0,9%.

Roxo: 1% a 20%.

Azul-marinho: 50% a 100%.

A pesquisadora destaca que, em bebidas alcoólicas, qualquer coloração visível já indica produto impróprio para consumo, seguindo as normas da Anvisa (RDC 166), que garantem a precisão e confiabilidade dos resultados.

Ferramenta de prevenção contra tragédias

O metanol é um composto químico altamente tóxico, usado de forma ilegal para baratear bebidas e combustíveis. A ingestão pode causar cegueira e até morte. Segundo Modesto, o kit foi pensado para ser utilizado por bares, adegas e organizadores de eventos, garantindo a segurança do consumidor.

“A responsabilidade de oferecer bebidas seguras é do comerciante. Esse kit seria uma forma prática de evitar tragédias como a que vivemos agora”, reforçou.

Com a emergência sanitária de 2025, a tecnologia ganha nova importância e mostra como inovações brasileiras podem contribuir para a saúde pública e o combate à adulteração de bebidas.

Transferência de tecnologia

O método está disponível para licenciamento por meio da Agência Unesp de Inovação (AUIN), que conduz processos de transferência de tecnologia entre universidades e empresas.

Empresas e empreendedores interessados em comercializar o produto podem entrar em contato pelos e-mails:

📧 auin@unesp.br ou auin.tt@unesp.br.

Fonte: G1 Globo

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