Na reunião formal realizada neste domingo (26) na Malásia, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump não trataram sobre a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pauta da reunião, que durou cerca de 45 minutos, foi dedicada exclusivamente a temas econômicos e comerciais, visando destravar as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos.
O principal desfecho do diálogo foi um acordo para que as equipes de ambos os países iniciem imediatamente negociações para resolver a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e as sanções a autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida americana está relacionada ao julgamento de Bolsonaro.
Perguntado se a situação de Bolsonaro estaria na pauta da reunião com Lula, Donald Trump foi grosso com a repórter que fez a indagação: "Não é da sua conta", disse Trump diante de dezenas de Jornalistas e das câmeras e microfones.
Desesperado com a situação jurídica cada vez pior do pai, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) cuidou de espalhar mais uma fake news nas redes sociais dele, dizendo que o caso do ex-presidente foi pauta nacional reunião entre os dois presidentes. Mas a própria comitiva do Trump cuidou de desmentir a informação.
Pelo visto, o presidente americano e seu gabinete se afastam cada vez mais da narrativa de Eduardo Bolsonaro e seu colega de trabalho contra o Brasil nos Estados Unidos, o Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente do regime militar João Batista de Oliveira Figueiredo.
Acordo e revisão de tarifas
Após a reunião, Lula classificou o diálogo como "franco e construtivo". "Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções", afirmou.
O chanceler Mauro Vieira, que integrou a comitiva brasileira, detalhou que Trump se comprometeu a dar instruções à sua equipe para iniciar o processo de negociação bilateral ainda neste domingo. A expectativa do governo brasileiro é que, durante esse processo, as tarifas sejam suspensas. Vieira também revelou que os líderes combinaram visitas recíprocas: Trump manifestou desejo de ir ao Brasil, e Lula aceitou um futuro convite para visitar os Estados Unidos.
Bolsonaro foi mencionado apenas na coletiva de imprensa
Conforme apurado, o nome de Jair Bolsonaro não fez parte da pauta formal da reunião. O assunto só surgiu posteriormente, durante a coletiva de imprensa, quando Trump foi questionado por jornalistas. O presidente americano respondeu que se sentiu "mal com a situação dele [Bolsonaro]", mas enfatizou que o caso "não é da conta dos Estados Unidos".
De acordo com um integrante da delegação brasileira, durante o encontro fechado, coube a Lula abordar o tema ao defender que as sanções a autoridades do STF são injustas. O presidente brasileiro argumentou que o processo judicial envolvendo Bolsonaro seguiu o devido processo legal, encerrando o assunto naquele momento.
Lula se oferece como interlocutor com a Venezuela
Além da agenda bilateral, o chanceler Vieira informou que Lula abordou a situação entre EUA e Venezuela. O presidente brasileiro se prontificou a atuar como um interlocutor entre os dois países, buscando "soluções que sejam mutuamente aceitáveis". Lula reafirmou o posicionamento do Brasil como um "elemento da paz e do entendimento" na região.
A reunião, considerada "impossível" por Lula há pouco tempo, marca um passo significativo para a reaproximação entre os dois países, com foco claro na resolução de disputas comerciais que impactam diretamente a economia brasileira.
Fonte: Agência Brasil
Luiz Brandão
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