
A interceptação da Flotilha Global Sumud pela marinha israelense nesta quarta-feira (1º) escancarou mais um episódio de violência e ilegalidade do governo de Israel. Em águas internacionais, cerca de 500 ativistas de dezenas de países, que transportavam alimentos, água potável, remédios e brinquedos para a população de Gaza, foram cercados, rendidos e sequestrados por militares sionistas. Entre eles, estão 15 brasileiros, incluindo parlamentares, militantes, pesquisadores e ativistas de movimentos sociais.
A ação militar, condenada por organizações internacionais como a Anistia Internacional, viola frontalmente o direito internacional. “Nenhuma regra do direito internacional autoriza ataques a embarcações em livre navegação em águas internacionais. A missão da flotilha é pacífica, humanitária e legal”, declarou a entidade, em nota.
A interceptação ocorreu a cerca de 70 milhas náuticas da costa de Gaza. Imagens transmitidas ao vivo momentos antes do corte das comunicações mostravam passageiros com coletes salva-vidas sendo cercados por navios de guerra. Pouco depois, Israel anunciou que os barcos estavam sendo rebocados para um porto sob seu controle.
Quem são os brasileiros sequestrados por Israel
- Luizianne Lins – deputada federal (PT-CE)
- Thiago Ávila e Silva Oliveira – ativista do movimento Bem Viver, integrante do comitê diretor da flotilha
- Mariana Conti Takahashi – vereadora de Campinas (PSOL)
- Bruno Sperb Rocha (Bruno Gilga) – trabalhador da USP e ativista da CSP-Conlutas
- Lisiane Proença Severo – comunicadora popular
- Magno de Carvalho Costa – diretor do SINTUSP
- Ariadne Catarina Cardoso Teles – advogada popular, militante da luta pela terra na Amazônia
- Mansur Peixoto – criador do projeto História Islâmica
- Gabrielle da Silva Tolotti (Gabi Tolotti) – presidenta do PSOL-RS
- Mohamad Sami El Kadri – presidente do Fórum Latino Palestino, coordenador da Frente Palestina de São Paulo
- Lucas Farias Gusmão – ativista internacionalista
- Nicolas Calabrese – professor, coordenador da Rede Emancipa no Rio de Janeiro (argentino residente no Brasil)
Além destes, outros militantes brasileiros cujos nomes ainda não foram confirmados estavam a bordo de embarcações menores da flotilha, segundo organizadores.
Repercussão no Brasil
O impacto da notícia provocou reações imediatas. No Congresso, a Câmara dos Deputados paralisou votações em solidariedade à deputada Luizianne Lins. Nas ruas, manifestantes realizaram vigílias, como a ocorrida em São Paulo, no espaço Al Janiah, exigindo a libertação dos detidos e cobrando que o Brasil rompa relações comerciais com Israel.
Deputados como Sâmia Bomfim, Guilherme Boulos e Erika Hilton (PSOL) acionaram o Itamaraty exigindo providências imediatas. “Pedimos ao governo brasileiro que atue diplomaticamente para garantir a liberdade imediata dos integrantes da flotilha e que possam retornar em segurança ao Brasil”, afirmaram.
Nota do Itamaraty
O governo Lula repudiou formalmente a ação israelense e divulgou posicionamento oficial:
"O governo brasileiro acompanha com preocupação a interceptação pela marinha israelense de embarcações da ‘Flotilha Global Sumud’, que contam com presença de cidadãs e cidadãos brasileiros, incluindo parlamentares.
Diante das primeiras notícias de detenção de nacionais brasileiros a bordo de embarcações da flotilha, entre eles a deputada federal Luizianne Lins, o Brasil recorda o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais e ressalta o caráter pacífico da flotilha.
O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas.
Reitera, nesse contexto, exortação pelo levantamento imediato e incondicional de todas as restrições israelenses à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em consonância com as obrigações de Israel, como potência ocupante, à luz do direito internacional humanitário.
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato permanente com as autoridades israelenses, de modo a prestar a assistência consular cabível aos nacionais, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Consulares."
Fonte: Revista Fórum