Diante da seca que compromete os reservatórios das hidrelétricas e do aumento no consumo de energia devido ao calor intenso, o Governo Federal está considerando a reintrodução do horário de verão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar a decisão ainda esta semana, conforme informou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG).
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema (ONS) prepararam um estudo técnico que será crucial para essa decisão. No entanto, a medida não se limita a questões técnicas; ela também envolve considerações políticas e sociais, devido ao impacto direto que o horário de verão tem na rotina da população.
Especialistas têm opiniões divergentes sobre a eficácia da medida. Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, destaca que a economia de energia proporcionada pelo horário de verão seria mínima, estimada em apenas 0,5%. "Hoje, o pico máximo de consumo ocorre no meio do dia, e não mais no final do dia, o que reduz a eficácia do horário de verão", afirmou Sales.
Por outro lado, defensores do horário de verão argumentam que, mesmo com uma economia energética reduzida, a medida ajuda a aliviar a demanda sobre o sistema elétrico durante horários críticos, como no início da noite. "Mesmo que o impacto seja pequeno, a redução do esforço das usinas pode ser significativa em momentos de crise", explica Sales.
Críticos da medida, como o professor Luciano Duque, mestre em Energia Elétrica, apontam que o impacto energético do horário de verão é mínimo no cenário atual.
"O consumo de energia durante o verão é dominado por ar-condicionado e ventiladores, que consomem muito mais energia do que a iluminação. Portanto, o horário de verão não terá um impacto significativo na economia de energia", ressalta Duque. Além disso, ele alerta para os possíveis transtornos na adaptação dos ciclos biológicos da população, especialmente para aqueles com horários de trabalho exigentes.
O retorno do horário de verão também tem implicações econômicas e sociais. Setores como bares e restaurantes são grandes defensores da medida, pois acreditam que a iluminação natural prolongada estimula atividades de lazer, como happy hours e jantares, e contribui para a segurança pública e o fluxo de transporte. Empresários do setor destacam a perda econômica desde a extinção do horário de verão em 2019 e a necessidade de retomar o incentivo à vida urbana.
O horário de verão foi introduzido no Brasil em 1931 durante o governo de Getúlio Vargas, com o objetivo de otimizar o uso da luz natural e economizar energia. A prática foi adotada de forma contínua a partir de 1985, após o fim do regime militar, e passou por diversas mudanças desde então. Hoje, a medida é comum em países fora da região tropical, como Canadá, Austrália, México e Uruguai.
A decisão do presidente Lula será observada com atenção, pois terá impactos significativos tanto no setor energético quanto na vida cotidiana dos brasileiros.
Fonte: Brasil 247