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Novo estudo alerta sobre os benefícios da pressão arterial mais baixa

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Quinta - 12/11/2015 às 17:11



 Um estudo federal realizado nos Estados Unidos teve seus detalhes divulgados nesta semana, e os resultados desafiam décadas de reflexões sobre a pressão arterial e dão uma resposta mais clara aos prós e contras de um tratamento mais agressivo.

A pesquisa foi finalizada em setembro, quase dois anos antes do planejado, quando ficou claro que a pressão arterial mais baixa ajuda a prevenir doenças cardiovasculares e mortes em pessoas com mais de 50 anos, mas os efeitos colaterais e outras informações importantes não foram divulgados.
Os resultados surgiram na segunda-feira em uma conferência da American Heart Association em Orlando, Estados Unidos, e foram publicados online pelo New England Journal of Medicine, além de ter recebido uma dezena de comentários em outras publicações científicas.

“Nós identificamos que os benefícios superam, em muito, os riscos” de ter uma pressão mais baixa, diz um dos líderes do estudo, o Dr. Paul Whelton da Tulane University, em New Orleans, Estados Unidos.
Um em cada três norte-americanos adultos é hipertenso, com uma medição igual ou superior a 14 por 9. O normal é abaixo de 12 por 8. Dados detalhados mostraram na conferência que há benefícios adicionais em reduzir de forma mais intensa a pressão arterial sistólica — o número maior da medição — para 12 ou menos, apesar do alvo médico ser, na maioria das vezes, igual ou menor a 14 por 9.
“Nós achávamos que 140 era bom o bastante,” o coautor do estudo George Thomas, diretor do Cleveland Clinic’s Center for Hypertension and Blood Pressure Disorders, nos Estados Unidos, contou ao Yahoo Health. Ele disse que os resultados são surpreendentes, visto que são tão diferentes das recomendações atuais.

“Nosso alvo era 14,” ele diz. “Nós não tínhamos nenhuma evidência que sugerisse algo diferente disso.” Thomas ressalta que 12 é considerada uma pressão arterial sistólica “normal” para a maioria das pessoas, mas o objetivo sempre foi fazer com que todos chegassem ao patamar de 14 ou menos.
As descobertas são tão significativas porque a hipertensão é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversas condições de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, derrame e insuficiência renal.

Nicole Weinberg, cardiologista no Providence Saint John’s Health Center em Santa Monica, Estados Unidos, disse ao Yahoo Health que as novas descobertas são “maravilhosas”, pois muitos médicos haviam notado resultados melhores nos músculos do coração e no funcionamento das artérias quando pacientes hipertensos conseguiram chegar a um patamar mais próximo dos 12.
“Mas quando as recomendações oficiais dizem 14, você sempre precisa travar uma batalha difícil com os pacientes,” ela diz.

O ESTUDO
O estudo contou com mais de 9.300 participantes. Metade deles recebeu em média dois medicamentos para fazer com que o número mais alto da pressão arterial ficasse abaixo dos 14. O restante recebeu três medicamentos, com o objetivo de chegar a menos de 12. Uma complicação é o fato de que os participantes escolhidos tinham uma pressão arterial sistólica de 13 ou mais, o que pode dificultar a noção de quem precisa de tratamento.

OS RESULTADOS
Depois de um ano, 1,65% do grupo com pressão arterial menor havia tido um problema cardíaco grave, ou tido uma morte relacionada à saúde do coração, comparados com 2,2% do outro grupo, um risco 25% menor. Cerca de 3,3% do grupo com a pressão mais baixa faleceu, contra 4,5% dos outros, um risco 27% menor.

EFEITOS COLATERAIS
Casos de pressão arterial exageradamente baixa, desmaios e problemas nos rins foram entre 1% e 2% maiores no grupo de pressão menor. No entanto, quedas que causam lesões devido à tontura não foram mais comuns, algo que era temido principalmente em pessoas mais velhas.

A consideração final é que os benefícios compensam estes riscos, considerando uma chance menor de desenvolver doenças cardiovasculares ou morrer devido a algo relacionado ao coração.
ISSO SE APLICA A MIM?
O estudo envolveu pessoas com mais de 50 anos cuja pressão estava acima de 13. Pessoas com diabetes foram excluídas, então os resultados não se aplicam a elas. Eles também podem não se aplicar a pessoas com casos prévios de derrame, pessoas muito idosas, aquelas com doenças renais graves ou pessoas que já estão tomando vários medicamentos diferentes, diz o Dr. James Stein, chefe do programa de pressão alta da University of Wisconsin, nos Estados Unidos.

Pessoas que começam com uma pressão arterial sistólica mais alta, com um número entre 17 e 20, por exemplo, podem não conseguir reduzi-la a patamares muito baixos de forma repentina, o Dr. Murray Esler do Baker IDI Heart and Diabetes Institute em Melbourne, Austrália, comentou na revista Hypertension.

AS RECOMENDAÇÕES PODEM MUDAR
O novo estudo “faz sentido e é um avanço enorme,” Stein disse. “É hora de consertar as recomendações,” que hoje sugerem um número maior entre 13 e 15, dependendo da idade e de outros fatores, como a presença ou não de diabetes.

O PONTO PRINCIPAL
Apenas metade das pessoas que sabem ter hipertensão mantem a pressão arterial sob controle, no momento. Do ponto de vista da saúde, melhorar esta situação pode ser mais importante do que definir um número como alvo.

“Se nós reduzirmos a meta … você verá mais e mais pessoas chegando a uma pressão mais baixa,” diz o Dr. Daniel Jones, da University of Mississippi, nos Estados Unidos, um porta-voz da associação do coração.

Fonte: agencias

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