
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e um dos principais delatores da trama golpista que mirava reverter o resultado das eleições de 2022, foi preso na manhã desta sexta-feira (13), em Brasília, no âmbito de uma nova investigação da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR). A apuração aponta que Cid tentou deixar o Brasil com um passaporte português obtido de forma irregular.
A ofensiva da PF também levou à prisão do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, suspeito de atuar para viabilizar a emissão do documento europeu em nome de Cid. Segundo os investigadores, Machado teria feito contatos com o Consulado de Portugal no Recife (PE), em maio deste ano, com o objetivo de garantir a documentação necessária para a fuga.
De acordo com a Polícia Federal, foram encontrados no celular de Mauro Cid arquivos de vídeo e mensagens que indicam, com riqueza de detalhes, a movimentação para tentar obter a cidadania portuguesa. O material revela que a tentativa remonta a janeiro de 2023, pouco depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se estendeu até o mês passado.
As investigações apontam que Gilson Machado atuou junto ao consulado português em favor de Mauro Cid, com o objetivo de viabilizar a emissão de um passaporte e permitir a saída do investigado do território nacional.
Golpe de Estado
A operação desta sexta-feira é um desdobramento da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro e outros aliados. A PGR já apresentou denúncia contra 31 pessoas, entre elas, o próprio Mauro Cid, Jair Bolsonaro e ex-ministros, sob acusação de planejar uma ruptura institucional para impedir a posse de Lula, derrotado nas eleições de 2022.
Os investigadores acreditam que o plano de fuga foi articulado como parte da estratégia de obstrução das investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao buscar meios para deixar o país, Cid poderia evitar futuras prisões ou delações que comprometessem ainda mais os integrantes do núcleo golpista.
Ainda segundo a Polícia Federal, há indícios de que a obtenção do passaporte português teria como base a falsa alegação de ascendência europeia de Mauro Cid, sem comprovação documental. A emissão não chegou a ser concretizada, mas os avanços nas tratativas motivaram os mandados de prisão expedidos nesta sexta-feira.
A defesa de Mauro Cid ainda não se manifestou oficialmente. Já Gilson Machado não teve o nome incluído nas denúncias anteriores da PGR sobre a tentativa de golpe, mas agora é investigado por possível participação em um novo esquema relacionado à fuga de investigados.
As prisões foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator dos inquéritos que investigam a tentativa de golpe e o envolvimento de militares e ex-integrantes do governo Bolsonaro.
A nova reviravolta no caso aprofunda o cerco judicial contra os envolvidos na tentativa de subversão do processo democrático, revelando, segundo a PF, um esforço coordenado não apenas para romper a ordem constitucional, mas também para frustrar a ação da Justiça brasileira.
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