
A Polícia Federal prendeu, na manhã desta sexta-feira (13), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, em Recife (PE). A detenção foi confirmada pela PF à colunista Andréia Sadi, da GloboNews, e está ligada a uma investigação que apura uma suposta tentativa de emissão de passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), há indícios de que Gilson Machado tenha articulado a obtenção do documento internacional para que Cid deixasse o Brasil, possivelmente com o objetivo de escapar da Justiça. A movimentação teria ocorrido em maio de 2025, em um momento próximo do encerramento da instrução processual da Ação Penal 2.688/DF — que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro e Cid.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os elementos reunidos até agora sugerem que Machado teria agido para tentar frustrar o curso da investigação e evitar a aplicação da lei penal. “Essa atuação ocorreu possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu Mauro Cesar Barbosa Cid, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual”, afirmou Gonet em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A PGR também solicitou, e o STF autorizou, medidas cautelares como busca e apreensão e quebra de sigilos telefônico e de mensagens do ex-ministro.
Gilson Machado foi ministro do Turismo durante o governo Bolsonaro e é filiado ao PL. Atualmente, ele é pré-candidato à Prefeitura do Recife. Até o momento, nem sua defesa nem o partido se pronunciaram oficialmente sobre a prisão.
Mauro Cid também foi alvo da PF
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e um dos principais delatores da trama golpista que mirava reverter o resultado das eleições de 2022, foi preso na manhã desta sexta-feira (13), em Brasília, no âmbito de uma nova investigação da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR). A apuração aponta que Cid tentou deixar o Brasil com um passaporte português obtido de forma irregular. A prisão dele foi revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pouco tempo depois.
De acordo com a Polícia Federal, foram encontrados no celular de Mauro Cid arquivos de vídeo e mensagens que indicam, com riqueza de detalhes, a movimentação para tentar obter a cidadania portuguesa. O material revela que a tentativa remonta a janeiro de 2023, pouco depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se estendeu até o mês passado.
As investigações apontam que Gilson Machado atuou junto ao consulado português em favor de Mauro Cid, com o objetivo de viabilizar a emissão de um passaporte e permitir a saída do investigado do território nacional.
Golpe de Estado
A operação desta sexta-feira é um desdobramento da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro e outros aliados. A PGR já apresentou denúncia contra 31 pessoas, entre elas, o próprio Mauro Cid, Jair Bolsonaro e ex-ministros, sob acusação de planejar uma ruptura institucional para impedir a posse de Lula, derrotado nas eleições de 2022.
Os investigadores acreditam que o plano de fuga foi articulado como parte da estratégia de obstrução das investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao buscar meios para deixar o país, Cid poderia evitar futuras prisões ou delações que comprometessem ainda mais os integrantes do núcleo golpista.
Ainda segundo a Polícia Federal, há indícios de que a obtenção do passaporte português teria como base a falsa alegação de ascendência europeia de Mauro Cid, sem comprovação documental. A emissão não chegou a ser concretizada, mas os avanços nas tratativas motivaram os mandados de prisão expedidos nesta sexta-feira.
Fonte: Brasil247