Viver Pleno

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VIVER PLENO

A beleza e a plenitude da vida

A experiência da beleza não é apenas um momento fugaz de prazer estético, mas um poderoso catalisador para a transformação pessoal.

Por Nazareno Fonteles

Domingo - 15/12/2024 às 13:04



Foto: Reprodução Ilustração de capa de
Ilustração de capa de "O idiota", de Fiódor Dostoiévski

A beleza, em sua multifacetada expressão, desempenha um papel fundamental em nossa experiência de vida, moldando nossas memórias mais significativas e enriquecendo nossa percepção do mundo. É imperativo que integremos esta dimensão estética em todos os aspectos do processo educacional, abrangendo todas as áreas do conhecimento e todos os níveis de ensino.

O genial e excepcional romancista Dostoiévski , em seu romance “O Idiota”, diz que a humanidade pode passar sem muitas coisas, “mas que só a beleza lhe é indispensável, porque sem beleza não haveria nada a fazer no mundo! Todo o segredo, toda a história está nisto! A própria ciência não subsistiria por um minuto sem a beleza.”

Esta noção de beleza transcende as fronteiras entre as disciplinas artísticas e científicas. O físico teórico Paul Dirac afirmou: “O pesquisador, em seus esforços para expressar as leis fundamentais da natureza em forma matemática, deve se empenhar, principalmente, pela beleza matemática. Ele ainda deveria levar a simplicidade em consideração de uma maneira subordinada à beleza... Onde elas chocam, a última deve ter precedência.”

Esta universalidade da beleza nos convida a uma reflexão mais profunda sobre seu papel em nossas vidas. Para verdadeiramente apreender a beleza em sua forma mais profunda, é essencial buscar a plenitude em cada momento vivido. Isto requer uma expansão da gratuidade em nossas ações e experiências, a prática da pausa, meditação e contemplação reiterada. Precisamos cultivar uma abertura mental e emocional para organizar e aprimorar nossas impressões e compreensões, permitindo um diálogo holístico entre o todo e as partes de nossas experiências. É através desta entrega total aos momentos de percepção estética que podemos experimentar epifanias onde o transcendente toca o imanente, o ilimitado se aproxima do limitado, o complexo se torna simples e o simples se torna complexo, nos levando a exclamar: que beleza, que maravilha!

A experiência da beleza não é apenas um momento fugaz de prazer estético, mas um poderoso catalisador para a transformação pessoal. Quando nos abrimos verdadeiramente para a beleza, ela tem o potencial de expandir nossa consciência, refinar nossa sensibilidade, inspirar criatividade e inovação, promover a cura emocional e psicológica, e fomentar a empatia e a conexão com os outros e com o mundo ao nosso redor.

A natureza, em sua infinita variedade e complexidade, oferece algumas das manifestações mais profundas e acessíveis da beleza. Observar um pôr do sol, contemplar flores ou maravilhar-se com a vastidão do oceano pode nos transportar para além de nossas preocupações cotidianas, conectando-nos com algo maior que nós mesmos. Como Albert Einstein sabiamente observou: "Olhe profundamente na natureza e então você entenderá tudo melhor."

A arte, em todas as suas formas - pintura, escultura, música, literatura, dança - serve como um espelho da alma humana, refletindo nossas mais profundas aspirações, medos, alegrias e tristezas. Através da criação e apreciação artística, podemos explorar as complexidades da condição humana, desafiar perspectivas existentes, comunicar ideias e emoções além das palavras, preservar e transmitir cultura e história, e imaginar novas possibilidades para o futuro.

Talvez a forma mais profunda e transformadora de beleza resida nas relações humanas. Atos de amor, compaixão, perdão e gentileza possuem uma beleza que transcende o físico e toca o cerne de nossa humanidade compartilhada.

Na ciência, a beleza se manifesta na harmonia das leis físicas, na complexidade dos sistemas biológicos, na vastidão do cosmos e na intrincada dança das partículas subatômicas. Carl Sagan nos lembra que "a ciência não é apenas compatível com a espiritualidade; é uma fonte profunda de espiritualidade." Cada nova descoberta científica nos oferece uma nova perspectiva sobre a beleza e a complexidade do universo, inspirando admiração e humildade.

Para viver uma vida plena, devemos aprender a reconhecer e cultivar a beleza em nosso cotidiano. Isso inclui praticar a meditação/oração e exercícios regulares, ter uma alimentação saudável, criar espaços de beleza em nossos lares e ambientes de trabalho, engajar-se regularmente com arte e natureza, cultivar relações significativas e compassivas, buscar o aprendizado contínuo e o crescimento pessoal, e contribuir para o bem-estar dos outros e do mundo ao nosso redor.

Quanto mais momentos de percepção da Beleza, em suas diversas formas, vivenciarmos, mais plenas serão nossas vidas!!! Assim, poderemos, juntos com o príncipe do romance “O Idiota” de Dostoiévski, afirmar:

A beleza salvará o mundo!”

SOBRE O AUTOR

SOBRE O AUTOR

José Nazareno Cardeal Fonteles é graduado em Medicina e Matemática. Fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia e mestrado em Matemática. Atuou como ortopedista no HGV, na Casamater e nas clínicas Cot e Copil. É professor aposentado da UFPI. Exerceu mandatos de vereador, deputado estadual e de deputado federal. Fundou e presidiu por sete anos a Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutrcional do Congresso Nacional. Foi secretário de saúde do Piauí. Participa da direção do grupo educacional CEV. É casado com Nereida, pai de Deborah, Danielle e Rafael e avô de sete netos. Tem fé em Jesus de Nazaré, o Mestre do Amor Gratuito. Instagram do autor
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