Teresina (PI) - A advogada, procuradora do estado, professora, conferencista e escritora, Fides Angélica foi eleita, este mês, como a primeira mulher a presidir a Academia Piauiense de Letras (APL). A nova presidente ocupa a Cadeira 40, que tem como patrono o poeta Mário Faustino.
Fides Angélica assume a presidente da APL em um contexto onde, dos 40 acadêmicos, somente cinco são mulheres.
“A caminhada das mulheres para se afirmar em todos os aspectos da vida nacional e mundial, especificamente aqui no caso do Piauí, tem sido uma caminhada não a passos largos, mas a passos firmes. E hoje, nós, mulheres, já ocupamos muitos, vários lugares e nos projetamos na vida piauiense, em todos os setores, e no que tange a literatura, especificamente a Academia Piauiense de Letras, nós fomos devagar, mas sempre firmes”, disse Fides Angélica.
A nova presidenta destaca o papel de produção das mulheres na literatura.
“As mulheres já realizam muito no setor literário, tanto na poesia, como na prosa, como na dramaturgia, como na pesquisa, como em diversos ramos do conhecimento, mas que só tende a se expandir, que é o que eu desejo. Mas, o importante não é ser feminina ou masculina a presença na literatura, o importante é ser uma boa presença na literatura, e esta gestão está encerrando com um grande avanço que foi conseguir o real cumprimento de legislação, firmada há várias décadas, de adoção da literatura piauiense nas escolas públicas e privadas”, avalia a advogada.
UMA GESTÃO COMPARTILHADA
Natural de Floriano, ela tomou posse na APL em 26 de agosto de 1994 e já faz história.
“Sinto-me muito honrada, destacada, porque fui escolhida pelos colegas para esta nova atividade, essa nova missão, que eu espero atender àquilo que a academia necessita e que os colegas esperam de mim, logicamente, com a colaboração de todos, como eu já me manifestei”, disse a nova presidenta.
Fides Angélica destaca que a presidência exige que haja uma coesão de esforços, não só da diretoria, mas de todos os acadêmicos.
“Foi essa colaboração e esse trabalho conjunto que eu solicitei a todos, manifestando-me no momento em que eu recebia perante eles esta missão de dirigir a Academia de Letras por dois anos, que é a duração do nosso mandato”, afirma.
Sobre os projetos para a APL, ela diz que foram elaborados com a participação de toda a diretoria. É um plano de ação aberto e sujeito a sugestões, no sentido de apoio ou no sentido de reformulação, e de novas ações também, que porventura forem indicadas.
“No primeiro momento em que eu fui eleita conversava com eles (acadêmicos), já ouvia algumas colocações, alguns acréscimos, e eu espero receber muitos para que nós possamos juntos realizar um grande trabalho. Como já ocorreu agora na gestão que está se encerrando”, disse a presidenta.
LITERATURA PIAUIENSE NAS ESCOLAS
Uma das conquistas da Academia Piauiense de Letras, em 2023, foi o lançamento do projeto “Literatura de Expressão Piauiense nas Escolas: potencialidades para a formação de estudantes leitores”.
Trata-se do cumprimento de uma lei da constituição do Piauí que garante o ensino da Literatura Piauiense nas escolas públicas, uma campanha da APL que teve início em 2020.
“Hoje, com alegria, nós estivemos presente na aula inaugural de Formação de Professores sobre Literatura Piauiense, a aula essa que foi ministrada pela acadêmica Maria do Socorro Rios Magalhães. Uma aula excelente, muito clara, muito rica, e eu tenho certeza de que os professores presentes e todos aqueles para quem a televisão levou a imagem e o som, com certeza também tiveram um bom proveito dessa aula inaugural e que vai ter continuidade nos diversas cursos de formação de professores e de adoção nas escolas da literatura piauiense”, avalia a acadêmica.
SOBRE FIDES ANGÉLICA
Fides Angélica começou sua trajetória no magistério, tanto no magistério médio, com a formação de jovens de 10, 11, 12 anos, para admissão do ginásio, e depois teve continuidade no ensino médio, quando foi professora na Escola Técnica de Comércio. Logo depois, deu continuidade ao magistério na Universidade Federal do Piauí no curso de Direito.
Devido à formação, dedicou-se aos livros da área jurídica. Idealizou e fundou, há 26 anos, a Escola Superior de Advocacia, uma referência no aprimoramento, não só dos advogados, mas de todo o pessoal que milita na área jurídica, no Estado do Piauí e fora dele. No plano federal, foi conselheira federal, e também fundou a Escola Nacional de Advocacia, que agora tem 22 anos outra importante escola no aprimoramento dos profissionais do Direito.
“Então, eu sou uma pessoa muito feliz por ter tido essas oportunidades de trabalho, de colaboração com a sociedade, com o pessoal, não só da minha área para o aprimoramento da cidadania piauiense e brasileira. E hoje eu tenho, aliás, este ano de 2024, eu completo 30 anos que estou na Academia Piauiense de Letras, lá eu tenho dado o meu contributo, e agora de uma maneira mais exigente e também com maior expressividade na presidência dessa academia”, avalia Fides Angélica.
Ela também contribuiu para a fundação da Academia Piauiense de Letras Jurídicas.
“Éramos sete professores da Universidade Federal do Piauí, hoje eu sou a única sobrevivente, nossa academia tem 42 anos e também tem atuado bastante nessa área específica do conhecimento. Então, sou uma pessoa muito feliz, realizada, e agradeço todos os dias a Deus por ter tido essas oportunidades e por ter condição de aproveitá-las. De alguma maneira, dando alguma contribuição e, com certeza, a melhor contribuição que eu possa dar dentro dessas funções que tenho exercido. Muito obrigada. Espero que, nesses dois anos de mandato na Academia Piauiense de Letras, eu possa dar continuidade às duas gestões da atual diretoria, que eu componho na condição do secretário-geral, e espero ter a felicidade de dar continuidade a esse trabalho e realizar muitas outras ações que estamos planejando. Muito obrigada”, afirma a presidenta.