A dez dias do pleito geral, o arranjo de poder que manda no Brasil neste momento, radicaliza na sua obsessão criminosa de punir o País, se Lula for eleito. Arranjo alçado pelo Golpe que derrubou a presidente legítima Dilma Rousseff.
Não é novidade (ao contrário) eleição presidencial na República desandar em instabilidade e rupturas drásticas. República que é secularmente tarda, em se comparando com outras formações mais bem calibradas pela prática da democracia.
Nesta eleição, há duas posições com diferenças mais nítidas: uma de extrema-direita que não quer o pleito e o boicota na expectativa de uma comoção que aprofunde a dinâmica golpista de 16; outra, que quer a eleição e que esta seja uma opção pela democracia, que possa levar ao equilíbrio das instituições, recompondo, na circunstância, o pacto constitucional. Há outras posições, minoritárias, alinháveis com essas duas.
O polo da extrema-direita, avesso à democracia, tem sua base forjada na estrutura armada, militar, nos organismos de natureza judiciária – parte – e, nas facções milicianas, foras da lei. Claro, apoiado esse polo em parte substantiva dos donos dos oligarcas financeiros. Estes, mais por cálculo, de ganhos ou perdas, que por ideologia.
A “resistência” que enfrenta a violência extremo-direitista, nucleada no trabalhismo lulista, e articulada em setores sindicais e de movimentos sociais, está na campanha denunciando as cruezas do golpismo que claramente assanhou a direita sanguinária sempre truculenta e mortal.
Vésperas do pleito e a decisão do voto se faz nesse quadro tensionado por tentativas de ruptura da validade da Constituição; no limite, do próprio pleito. A escória antidemocrática, apologista e praticante da truculência, quer a Ditadura, quer a permanência de seu líder fajuto, espírito perverso que faz torpe gozação dos milhares que morrendo sem fôlego no desespero da Covid... Oh! Infame!
Assaltando o lugar de chefe da República, em 2018, no rastro do Golpe 2016, assumiu essa facção delinquente do militarismo e da máquina judiciária corrompida, francamente apoiada por todo tipo de inimigos do povo e da democracia, arautos de golpe e contra todo tipo de engajamento que tenda, por exemplo, à igualdade social, Justiça justa, paz. À própria civilidade.
Deve chamar atenção essa terrível singularidade brasileira: a compulsão de se dá golpes quando os diversos ensaios de radicalização democrática se afiguram próximos. Eleições, por exemplo. Vejam o que se dá, agora, quando um candidato presidencial afirma, sem meias palavras, que dará um golpe se a maioria do eleitorado não lhe for favorável. Funcionasse a contento, por exemplo, a Justiça Eleitoral, s.m.j., candidato que dissesse coisa assim deveria ser, no mínimo, objeto de uma interpelação formal sobre a declaração. Confirmada, deveria ser, certa, a cassação da candidatura.
Bravata “de campanha”? Antes fosse somente isso. Mas a realidade é mais complexa. Em primeiro lugar, a convicção do valor da democracia é tíbia. Do contrário, o golpe de 2016 e esgarçamento do tecido histórico-brasileiro teriam tido uma barreira de contenção. Como não teve, na medida necessária, às instituições se renderam e uma camarilha empalmou o poder, cujos interesses são, acima de tudo, vinculados às formas mais violentas de condução da vida social.
Não se faça t. rasa na politicamente criminosa proposta de que milico detém poder moderador.