Dia 25 de fevereiro de 2023. A cidade episcopal do Piauí recebeu seu décimo bispo, e oitavo arcebispo, Dom Juarez Marques Sousa da Silva.
Uma festa eclesial típica, bonita e leve, nas regras canônica e liturgicamente dadas, com bastante concurso de povo fiel. Vieram todos os bispos do Piauí e mais outros de mais longe. Padres mais de cem e diáconos e religiosos...
Missa campal, sob denso arvoredo: o adro da sé das Dores, à praça Saraiva, cheio, ainda que sob a neblina na hora do Angelus – o interior da catedral é pequeno para tanta gente que quis participar.
Sob os acordes do Hino Pontifício, Dom Juarez adentrou o pórtico do adro e foi recebido calorosamente por Dom Jacinto Brito, arcebispo emérito que o antecedeu imediatamente no arcebispado.
Acentuamos as singularidades de D. Juarez e não desconhecemos que os bispos – sucessores dos apóstolos – não se diferenciam uns dos outros segundo o lugar em que desenvolvam seu múnus eclesial. A Igreja é una.
Mas conviver com um bispo que o povo da localidade piauiense viu e ver cotidianamente o que fez e o que continua fazendo na vida, é ter a oportunidade do aconchego, do abraço mais farto, do pastoreio literalmente caloroso.
Veio do Rio Grande do Norte, dom Joaquim; dom Otaviano, do Rio Grande do Sul; de Pernambuco, Severino; das Alagoas, Avelar; José e Miguel, do Ceará; do RJ, Celso; Sérgio de SP. Jacinto do Maranhão. Brasileiros, todos. O sotaque não os fez menores. De todos, a bem lembrar, a maior dificuldade foi do gaúcho, rebanhos do pampa frioroso e do sertão calcinado não foi fácil a simbiose. Mas as circunstâncias mostraram que Otaviano deixou a jovem diocese consolidada.
Do Piauí, ao Piauí, por Roma: Dom Juarez foi canonicamente empossado num ritual vibrante de afeições efusivas, o bispo assumindo a direção do povo católico, e o povo católico tomando o bispo para si, na simbiose da caminhada comungante apontada pelo Mestre de Nazaré há 20 séculos. Mas Juarez não é um Príncipe? É um primus inter pares; primeiro entre iguais. Seu principado emana da Igreja-divina e se move qual corpo vivo historiável, Igreja feita por filhos crentes.
Em tudo na liturgia da unção empossante se notou a solenidade – sóbria e sem pompas – das regras e rubricas do costume: água benta profusa, velas rituais, visita e orações no percurso entre a colunata-corpo-símbolo dos 12 sucedidos no apostolado... Incenso, turiferários incansáveis, ósculos... Juarez em reverência aos sinais catedralícios na capela-cripta de Severino, Celso e Miguel.
Enquanto as procissões de entrada formavam uma só Assembleia eclesial, cantos, muitos cantos, corais... Dom Jacinto passa a insígnia episcopal a Dom Juarez, lembrando Dom Severino; Jacinto, de “coração satisfeito”, portanto leve, ante a mãe das Dores, padroeira, e a mãe Inês, testemunha forte de mais esse acontecimento na vida consagrada do filho dela e de Bacabal. Maria-José, a barrense mãe, ali à frente, uma espécie de juarezita desentranhada das cabeceiras originais dos Sousa da Silva e Marques.
Dom Juarez disse a que veio na nova jornada; bispo de Oeiras, depois de Parnaíba, sua remoção canônica é momento de retemperar o jeito e os modos da arquidiocese que tanto já conhece, mas que desafia a qualquer padre, porque há aspereza nas veredas e vielas. Afinal, Teresina é enorme, suas assimetrias gritantes, as exclusões recaem, doridas, sobre parte do rebanho, que se faz merecida do Bom Pastor, este que acena e deixa-se conduzir enquanto conduz.
Todos os bispos de Teresina, assentaram na Cátedra, ante o clero pleno e acolitados por autoridades estatais, à frente o governador do Piauí, que fez saudação e assentou compromisso.
Dom Jacinto anunciou que em Teresina ficará. É óbvio que a emeritude não será um nutriente para a consumação de seu próprio entardecer humano, mas luz intensa que mitiga a noite dos insones e precisados dos peixes que vieram nas redes que lançou.
Jacinto e Juarez, dons do Mearim e Longá, um só servir.