Duas concentrações oligárquicas se atacam mutuamente. Nas cabeças de dois impérios, à frente de monstruosas pilhas de dinheiro arrancado ao resto do mundo e com um arsenal de armas mortíferas, agridem-se tais forças por puro poder.
Estatísticas apontam um planeta com mais de 7 bilhões de pessoas. Poucos percebem que é isso o que de fato acontece. Por que os grandes meios/aparatos de comunicação não dizem isso? Não dizem porque esses meios são também armas letais dessas oligarquias-monstro.
Muito se ouve falar de que “na guerra, a primeira vítima é a verdade”. Nunca isso se mostrou tão verdadeiro quanto agora, nessa violência entre América do Norte e Rússia. Ucrânia é pretexto.
A propósito desse episódio, está em curso a mais terrível operação de empulhação ideológica imaginável. Empulhação cuja resultante esconde o que, de fato, acontece e como acontece naquelas nórdicas repúblicas.
A máquina de guerra que mata nessa confrontação sacrifica vidas e a informação limpa sobre os acontecimentos desapareceu. A mídia oligárquica, ramo brasileiro, que se comporta como porta voz depravado do Pentágono, não noticia nada real. Comporta-se como voz de um lado.
Há guerras justas? Difícil supor coisa tal. As guerras entre as tribos movem a história. Mas é provável que a energia que coesiona a espécie humana tem ainda maior poder na condução do mundo.
Mas uma confrontação de guerra dessa envergadura tampouco pode ser tomada nas escalas do ser “justa” “injusta” a invasão de quem por quem. Os fatos devem ser considerados e analisados a partir das evidências do real.
Sim, é fato que a Rússia ocupa a Ucrânia. Sim, é fato que a Ucrânia jogou fora sua soberania quando se tornou um “canhão” carregado dos EUA contra a Rússia. O Império russo ficaria dormindo, esperando o tiro mortal?
A Ucrânia tem direito de ser Estado soberano? Tem. Mas por lá deram um golpe – 2014 – entre mais, para aniquilar a luta do povo trabalhador, direitos sociais e afirmar a torpeza neoliberal, temperada com prática neonazi. É fato para se levar em conta.
Utiliza-se à exaustão um chavão de que a “Rússia ataca o ocidente”. Trata-se de um ranço da chamada “guerra-fria”, repassado por repórteres a serviço de grandes grupos de comunicação. A serviço de financistas-oligarcas, chefes dos sobreditos impérios.
Não há guerra justa. A ideia de “ocidente” virtuoso “salvando” um “outro” lugar e região do mundo que seriam cruéis e que devem ser destruídos é criação das soberbas lutas por dinheiro e poder. Cruel essa manipulação de linguagem atiçando simbologias no juízo de milhões de humanos.
Lembra o historiador Valério Arcary que se trata “de uma disputa da Rússia contra a potência imperialista dominante e seus aliados da Otan pelo controle de recursos, mercados, força de trabalho e domínio de zonas de influência. Trata-se de uma guerra de conquista e pilhagem”. Também.
Tem repórter de tevês e outros canais chorando pelas telas contra o “ditador” da Rússia e incensando o chefe do Império norte-euro-americano. Que dureza, tanta capachice, fabricantes da desinformação.
Essa máquina da morte chamada Otan invade e aniquila várias nações, inclusive matou chefes de países, Iraque, Líbia, Afeganistão... O “chifre da África” arde numa guerra de um povo matando outro... Etiópia, Somália, Yemen... Ninguém tem “pena” deles.
A rigor, nas invasões e mortandades que Estados Unidos/Otan fazem, haveria a virtude da democracia, da civilização, paz. Pura baboseira esse palavreado de “guerra para salvar a democracia, a liberdade, direitos humanos”.
Esses acontecimentos que agora impactam não seriam graves... “Neutralidade” diante deles? Nenhuma. É tolice. É urgente entender-se o que acontece, tão longe, e tão perto.
Ninguém é obrigado a ter “lado” nisso. Mas não saber o que ocorre é ser o “biruta” da parada, um midiota.
Fonseca Neto, historiador, Cadeira 1 da APL.