Proa & Prosa

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Governo Rafael, primeiro ato

Um registro necessário: no mesmo Vestibular, mais de uma vintena de colegas de Fonteles no Dom Barreto também lograram aprovação

Fonseca Neto

Segunda - 07/11/2022 às 19:50



Foto: Arquivo do Piauí Hoje Rafael Fonteles
Rafael Fonteles

Eleito em 2 de outubro, o Governo Rafael já começou na prática. O primeiro ato, a montagem do elenco de proa, apresenta, já, novidades. E muito que falar. E seria desimportante se não tivesse muito que falar.

A propósito, trago à cena – sugerido pelo próprio –, texto/artigo que publiquei há 20 anos, com o título: Vestibular do Rafael: último ato. Nele ressaltamos o transcurso do último vestibular da Ufpi, formato tradicional de provas, antes do advento do que se chamou de Psiu e do hoje Enem. Abaixo, um recorte.

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O primeiro colocado do último Vestibular/Ufpi é Rafael Tajra Fonteles, aprovado para o curso de Matemática, modalidade bacharelado. Estudante do Instituto Dom Barreto, Fonteles está se tornando uma espécie de ícone inteligente de sua geração, com participação destacada em Olimpíadas de conhecimento havidas em nível de Brasil e de Mundo.

A propósito, até parece que forças divinais estão transformando o Piauí num campus stellae, tantos são os bafejos e sinais incidentes sobre sua paisagem social e humana por estes tempos.

Na escola em que estudou, Rafael é uma espécie de referência e líder que vertenteia uma parcela muito interessante de jovens criaturas tendentes a forjar uma percepção benfazeja de mundo e da vida, e de serem sujeitos ativos na construção de um ambiente humano fundado em valores como ética, saberes transdisciplinarizados, respeito ao outro e às contingências do outro, recusa aos encantos alienantes que imolam a vida e sua expressão de alma.

Um registro necessário: no mesmo Vestibular, mais de uma vintena de colegas de Fonteles no Dom Barreto também lograram aprovação, nos primeiros e em vários lugares, para o curso de Medicina; idem, muitos para Direito, Engenharia e outros cursos. E nos bastidores da reunião em que foi divulgado o resultado uma pergunta inquietava alguns espíritos dados a certa pragmática: por que esse garoto anda falando que quer ser professor? Quanta boa resposta é possível... 

Encerra, pois, a Ufpi, o ciclo histórico de um modelo de vestibular, ensejando o ingresso de 2.345 talentos, que, nas várias áreas do labor e saber humanos, pagos pela sociedade, haverão de sair dela com maior capacidade agregada de desafiar as agruras do tempo, dando à experiência humana melhor chance de realizar a felicidade de toda a aldeia” (Diário do Povo. 23 de dezembro de 2002, p. 2).

Num salto de duas décadas, o mundo com diversas novidades e o Brasil num aparente sem rumo, Rafael Fonteles é alçado pelo voto do povo ao cargo muito relevante de governador do Piauí. E nada o distingue, mais, na percepção popular, medianamente, que sua condição de jovialidade e transbordante inteligência.

Inevitável a enorme expectativa: o que fará? Melhor dizendo: o que já faz nos primeiros atos de seu tempo de governo...

As primeiras escolhas anunciadas para o chamado primeiro escalão, indicam que quer acercar-se de uma equipe nuclear com agentes de sua inteira confiança, pessoal. Equipe que há de articular-se no jogo partidário para que assegure a sustentação política das novidades pretendidas.

Aguça a justa expectação de não poucos, a também aparente incongruência do jovem mandatário, crente na sua geração, cheio de auspiciosos projetos, governando um naco expressivo da sociedade brasileira, entre o arcaísmo da miséria e o tinir de esperanças libertadoras. Miséria dolorosamente exemplificada na fome e na apropriação desigualadora dos fundos públicos e privados. Esperanças, que são as promessas brandidas de uma modernidade inclusiva que insiste na aterradora lentidão e em faltar ao encontro de tantos filhos do Brasil.

Rafael é um realista – pelo que diz e pelo que é mesmo –, não sendo estranha para ele a administração pública, suas conjunturas e disjunturas. Apenas basta sabedoria na aplicação de sua extraordinária energia, mental. E da energia que o voto popular lhe concede nesta hora da história de todos nós.  

Enorme desafio, mas como acentuamos em nota anterior, neste espaço, também enormes foram os desafios de três notáveis governantes, jovens, que lhe antecederam à frente do Piauí: João Caldas, José Saraiva, Chagas Rodrigues.

Rodrigues, a quem dedico este artigo, quando completa 100 anos de seu nascimento no dia 8 de novembro de 1922.

Fonseca Neto, doutor em Políticas Públicas, historiador, da APL.  

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Fonseca Neto

FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.

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