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Estúpida e mortal a extrema direita

A eleição de Lula, liderando uma aliança de democratas, constitui um alento porque, num processo eleitoral altamente tensionado por bilhões de reais para mudar votos

Fonseca Neto

Quarta - 16/11/2022 às 07:08



Foto: Reprodução/Redes Sociais Extremistas bolsonaristas fazem gesto nazista em São Miguel do Oeste (SC)
Extremistas bolsonaristas fazem gesto nazista em São Miguel do Oeste (SC)

A confirmação da escolha de Lula da Silva para presidente no último dia 30 de outubro é um fato histórico de muita potência e capaz de alentadores desdobramentos.

Trata-se de uma freada na devastação que a extrema direita está impondo ao Brasil sob o mando semidespótico de um “capitão” indigno do país, que só pensa em matar.

Não precisa outros exemplos: 1) a República está submetida ao vale tudo da violência de uma camarilha cruel cujo projeto é produzir mais misérias;  2) abole-se o sistema legal de garantias de direito ao povo trabalhador, regredindo-se à exploração primária, com manifesta vontade da escravidão; 3) seu governo deu a senha que a bandidagem precisava para tocar fogo em matas virgens, grilar terras e eliminar populações originárias; 4) pede que todos se armem e se defendam, enquanto as forças policiais e armadas em geral se fazem partido político preparando golpe contra a democracia; 5) governo contra vacina, da Covid e de outras, por fundamentalismo obscurantista, que recusa as lições da melhor ciência; 6) o reino das mais vis especulações e da mentira e a empulhação como guias da conduta dos bagrões.    

Sim, governo da morte. Neoliberal, cru. Daí que toda espécie de obscurantismo, odioso, socorre-lhe o proceder: racismo, misoginia, negacionismo científico, corrupção moral...

A eleição de Lula, liderando uma aliança de democratas, constitui um alento porque, num processo eleitoral altamente tensionado por bilhões de reais para mudar votos e muita mentira manipulada para alterar resultados, algumas instituições civis, de Estado ou não, mostraram um vigor de resistência, sobrepondo-se às artimanhas do golpismo reinante.

A vitória da frente lulista, assinala um revés nessa agressão, insana, da extrema direita. É uma convocação à razão democrática, que coaduna cultura da paz, prática da solidariedade radical, enfrentamento real dos que adoecem a sociedade nutrindo o ódio.  

O avanço desabrido da extrema direita é demais nestes últimos anos e será preciso mais que uma vitória eleitoral para detê-la. Precisa de engajamento social amplo se fazendo resistência. O organismo nacional está debilitado e as instituições estatais ainda hesitantes, pois o golpismo extremado insistente se nutre e articula em parcela do aparato armado que a sociedade criou para defender-se e mais uma vez se volta contra ela.

Para se tenha uma ideia da degradação da extrema, as praças em frente aos quarteis – que civis desarmados e pacíficos não podem nem pisar – estão cheias de fascistas pedindo golpe militar. E há noticiosos sérios afirmando que são extremistas pagos por empresários igualmente golpistas e antibrasileiros.

A propósito, há um palhaço ridículo, sonegador de impostos, debochado, que perambula pelas ruas de norte a sul do Brasil, exibindo roupetas ridículas e levantando estátuas verdes em honra da nação estadunidense. Mambembe a extrema direita, versão brasileira? Mas violenta, e mortal, repita-se.       

Extrema direita tosca, ignota, e sua radicalidade é a eliminação do diferente dela. O que desde o século XX se chama de nazifascismo, a partir da Europa, encontra no Brasil atualmente sua manifestação intensa, sob a direção da facção extremada dos golpistas de 2016.

A violência dessa facção criminosa já vai longe demais neste contexto eleitoral. Há frações bem pagas pelas ruas e estradas tentando perturbar o clima pós-eleitoral, que aponta para uma confluência de propósitos na vida social que tenha como ponto de coesão as leis garantidoras da democracia.

Ao contrário do anjo da morte agora eleitoralmente abatido, o novo presidente é um animal político aguerrido, no positivo sentido de vocacionado à convivência dos contrários e à causa maior dos que sofrem.  

Pouco esse projeto? No farto Brasil, é revolucionário querer milhões tenham comida.

Fonseca Neto

Fonseca Neto

FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.
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