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Dom Severino da Vitória

O Piauí tornou-se canonicamente um bispado no ano de 1901

Fonseca Neto

Domingo - 28/11/2021 às 23:40



Foto: Divulgação Av. Dom Severino
Av. Dom Severino

Eis agora lançado o terceiro volume da Coleção Sucessores dos Apóstolos em Teresina. A biografia, em livro, do terceiro bispo do Piauí e primeiro arcebispo de Teresina, Dom Severino Vieira de Melo. Publicação sob os auspícios da Arquidiocese de Teresina e da Editora Nova Aliança.

O Piauí tornou-se canonicamente um bispado no ano de 1901. Correriam ainda cinco anos até a nomeação e posse do primeiro bispo, dom Joaquim Antonio de Almeida, em 1906, figura indispensável para assentar a nova entidade diocesana em terras dos vastos sertões do Piauí.

Dom Joaquim (1906-1911) e Dom Octaviano Pereira de Albuquerque (1914-1923), este o segundo bispo, tiveram suas biografias monumentalizadas nos dois primeiros volumes da sobredita Coleção. Agora Dom Severino, que veio de Pernambuco, ganha um merecido tomo biográfico.

Severino nasceu em Vitória de Santo Antão, em 5 de junho de 1880, tornou-se padre em 4 de janeiro de 1903 e tomou posse como bispo do Piauí em 23 de fevereiro de 1924. 

Ao assumir a diocese piauiense, duas providências se fizeram imediatas ao novo prelado: reabrir duas preciosidades criadas pelo esforço de Dom Joaquim, o Seminário e o Colégio diocesanos, este já designado São Francisco de Sales. Essas escolas tiveram suas atividades interrompidas por Dom Otaviano, que propôs novas formas de manutenção dessas obras educacionais-eclesiásticas. Severino as reabriu e estão de pé até hoje. E cada uma já se encontra realizando o segundo século de sua existência, uma e outra atualizadas em forma e dinâmica.   

Uma terceira emergência no tempo prelatício inicial de Dom Severino, agora de caráter imediato, conjuntural: o drama enredado na passagem por Teresina da chamada Coluna Prestes, na virada do ano de 1925 para 1926. 

Movimento de significativo impacto na vida nacional, no Piauí a legião prestista se aproxima de Teresina – naquele Natal/Ano Novo – e a cidade é tomada por grande medo infundido pelos donos do lugar, chefes políticos que diziam que os revolucionários do sul iriam massacrar a população da capital do Piauí. 

E Dom Severino se coloca à disposição para, em nome dos seus diocesanos e das autoridades civis, dialogar com Luís Carlos Prestes e o comando da Coluna. Um feito que muito engrandece a biografia do bispo e que vem destacado no livro agora lançado. Coloca-se à disposição e, de fato, o faz, em histórico encontro, na sede da paróquia de Natal, hoje cidade de Monsenhor Gil. 

Dom Severino é o dirigente que mais tempo esteve à frente da Diocese que tem na cidade de Teresina a sua cátedra, trinta e um anos. O livro agora lançado enfeixa painéis ilustrativos dessas mais de três décadas na vida dele. E mais: a vida desse pernambucano desde a nascença, em Vitória, sua vida seminarial, em Olinda, a experiência de pároco em várias freguesias, família e algo mais. 

No Piauí, Dom Severino literalmente obrou coisas grandes; um trabalhador incansável; zeloso ao extremo no cuidado pastoral, sua missão essencial, tornando-se  presença nos imensos sertões do Piauí e em cada acontecimento relevante da Cidade Episcopal de Teresina. Propôs ao Vaticano, e alcançou, a divisão de sua diocese em mais duas, com sedes em Oeiras e Parnaíba, governando-as originalmente em suas implantações.

Nos anos finais de seu bispado, viu atendida uma aspiração da Igreja particular do Piauí: a diocese de Teresina tornar-se arcebispado e cabeça de província eclesiástica. E ele o primeiro titulado arcebispo. 

Esse terceiro volume da Coleção Sucessores dos Apóstolos, a rigor, contém dois livros: o de Dom Severino, propriamente, e outro do seu bispo auxiliar Dom Raimundo de Castro e Silva, que também veio a ser o segundo bispo de Oeiras.    

O volume foi elaborado a partir de enorme esforço em busca de fontes, atendendo a um imperativo da construção historiográfica que deve ser solar: a honestidade das referências em que se baseia. 

Belo volume. Bela Coleção. Um idealizador e padrinho grandioso de tudo: Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, o atual arcebispo. Entre as deusas, uma o apaixona perdidamente: Clio. Salve!

Fonseca Neto, historiador, Cadeira 1, APL

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FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.

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