Na análise do PIB, em geral, são considerados quatro aspectos: volume, composição, taxa de crescimento (anual ou acumulada) e PIB per capita.
O volume do PIB do Piauí em 2017 foi de R$ 45 bilhões e 239 milhões; o do PIB do Brasil foi de R$ 6 trilhões e 583 bilhões; o Piauí representa 0,7% do PIB do Brasil.
A composição do PIB é distribuída em cinco grandes setores: agropecuária, indústria, serviços (que inclui comércio), administração pública/ seguridade social e impostos. Esses setores, pode sua vez, são subdivididos em 19 subsetores.
Na análise da taxa de crescimento, o comportamento de cada setor é importante. Em 2017, o setor da agropecuária foi o grande responsável pela alta taxa de crescimento de 7,7% do PIB do Piauí. O subsetor da construção civil caiu, mas o subsetor de energia e saneamento cresceu, mantendo o setor indústria no mesmo patamar de 12% do PIB piauiense. Os outros setores mantiveram-se estáveis, inclusive com uma leve queda do setor administração pública e seguridade social.
Mas o que interessa nesse artigo é o PIB per capita: o volume do PIB dividido pelo número de habitantes (no caso para o estado, mas que pode ser calculado também para o país e para os municípios). O PIB per capita do Piauí em 2017 foi de R$14.089,00 e o do Brasil foi R$ 31.833,00. Continuamos o segundo PIB per capita mais baixo entre os estados, ficando acima apenas do Maranhão, com R$ 12.788,00.
Nosso PIB per capita representa 44,4% do PIB per capita brasileiro. Melhorou: em 2002, nosso PIB per capita era 29,9% do nacional; avançamos 15 pontos. Mas a distância ainda é grande. Basta fazer algumas projeções: se nosso PIB per capita crescer a cada ano duas vezes mais que o Brasil, atingiremos a média nacional em 2103 (84 anos); se crescer três vezes, atingiremos a média brasileira em 2058 (39 anos); e se crescer quatro vezes mais que o Brasil a cada ano, teremos o mesmo PIB per capita nacional em 2043 (em 23 anos). Ora, nos últimos 16 anos, tivemos a terceira melhor taxa anual de crescimento do PIB: 4,2%; e o Brasil cresceu a uma taxa de 2,4%. Ficamos perto de crescer duas vezes mais que o Brasil; ou seja, só vamos atingir a renda per capita nacional em 2100.
Isso nos desafia a acelerar nossa taxa de crescimento para pelo menos três vezes a do Brasil. O Brasil está saindo de uma recessão cíclica, fruto também da crise internacional e de políticas nacionais equivocadas; deve voltar a crescer pelo menos 2% ao ano. E nós precisamos manter um ritmo continuado de crescimento de pelo menos 6% ao ano para chegar mais rápido à média nacional, realizar esse sonho.
A inércia na redução da desigualdade no Brasil é grande. Se considerarmos a posição dos vários estados da federação em relação ao PIB per capita do Brasil, constatamos que pouca coisa mudou. Os quatro primeiros colocados em 2002 são os mesmos primeiros colocados em 2017: 1º) Distrito Federal, 2º) São Paulo, 3º) Rio de Janeiro, 4º) Santa Catarina. Rio Grande do Sul caiu do 5º para o 6º lugar e Paraná do 6º para 0 7º, pois Mato Grosso subiu do 11º para o 5º lugar – essa sim uma mudança muito significativa; do mesmo modo como a de Tocantins que subiu da 21º lugar para o 15º.
Os demais estados permanecem na mesma posição ou variam um ponto pra cima ou um ponto pra baixo. É o que acontece com os cinco últimos da lista: Maranhão (da 26ª para a 27ª posição), Piauí (ao inverso, da 27ª para a 26ª posição), Paraíba (permanece na 25ª), Alagoas (da 23ª para a 24ª) e o Ceará (da 24ª para a 23ª).
O PIB per capita não pode ser o único critério de aferição do desenvolvimento, mas é um bom ponto de partida. No próprio cálculo do IDHM, a dimensão Renda, calculada com base no PIB per capita, representa 33% do índice.
O PIB per capita dos países é calculado pela ONU, pelo Banco Mundial e pelo FMI. Os valores para os países, em geral são próximos, com alguma disparidades. Os valores são calculados em US$, com alguma defasagem (os últimos dados são de 2014 ou 2015). E o cálculo é feito pela metodologia da chamada “paridade do poder de compra”, para evitar o impacto das oscilações diárias da cotação do dólar.
Para o Brasil, em 2015, o FMI estima o PIB per capita em US$ 13,670 (50ª posição); o Banco Mundial em US$ 11,527 (59ª posição) e a ONU em US$ 11,387 (64ª posição). As posições aqui num conjunto de 193 países membros da ONU.
O Brasil, a China, a Índia, a Rússia e os Estados Unidos são os únicos países do mundo que estão entre os 10 países de maior território, de maior população e de maior volume de PIB. Mesmo com a recessão de 2015 e 2016 e o baixo crescimento em 2017 e 2018 o Brasil ainda permanece entre os 10 maiores PIBs. Mas, volume de PIB é mercado, não é bem estar; por isso são todos mercados emergentes. Quando se considera o PIB per capita começa a aparecer a diferença entre “rico” e “pobre”, entre maior e menor bem estar.
Dos 193 países-membro da ONU, 38 têm PIB per capita acima de US$ 20 mil; seriam os países ricos (ou desenvolvidos). No segundo patamar, 25 países têm PIB per capita acima de US$ 10 mil; seriam aqueles em desenvolvimento, onde estão o Brasil, a Rússia e agora a China. Os demais130 países seriam os pobres (ou subdesenvolvidos).
Mas esses números precisam ser melhor qualificados, considerando outros critérios. A China é hoje a segunda economia do mundo. A Rússia é uma potência nuclear e tem uma população com bom nível educacional. A Índia sim, apesar do grande crescimento econômico recente e da imensa população, apresenta visíveis sinais de subdesenvolvimento, senão de pobreza.
O mesmo desafio que o Piauí enfrenta em relação ao Brasil, o Brasil enfrenta em relação aos outros países. Sem atingir um determinado nível de PIB per capita é difícil manter políticas públicas consistentes e atingir um certo nível de bem estar. Queremos um Piauí mais rico e também mais justo e mais democrático. O PIB per capita é o indicador de nossa potencialidade.