Os cães-guia desempenham um papel essencial na vida de pessoas com deficiência visual, proporcionando mobilidade, segurança e maior integração social. O processo que transforma um cão em guia começa desde cedo, com treinamento especializado que envolve a seleção cuidadosa de animais com características comportamentais adequadas, como inteligência, obediência e equilíbrio emocional.
Após a seleção inicial, os filhotes iniciam um treinamento intensivo, onde aprendem comandos básicos e específicos. Entre as habilidades adquiridas estão caminhar em linha reta, desviar de obstáculos e reconhecer sinais de trânsito. Além disso, os cães-guia desenvolvem a capacidade de tomar decisões independentes, uma característica crucial para garantir a segurança dos seus tutores em situações que envolvem risco, como atravessar ruas movimentadas.O treinamento, no entanto, vai além da execução de comandos. Há uma preocupação em alinhar as características do cão com as necessidades e o estilo de vida de quem será seu tutor. O processo de pareamento é meticuloso, considerando preferências individuais e aspectos práticos do cotidiano de quem contará com o auxílio do animal.
A interação entre o cão-guia e seu tutor requer respeito por parte das pessoas ao redor. Enquanto estiverem em serviço, os cães precisam de concentração total. Por isso, é recomendado não interagir com eles sem autorização, evitando distrações que possam comprometer sua função principal. Pequenos gestos de cuidado, como evitar tocá-los ou oferecer alimentos, contribuem para que o animal desempenhe plenamente sua tarefa.
A atuação dos cães-guia transcende a assistência prática. Eles promovem inclusão e igualdade, ajudando a romper barreiras sociais enfrentadas por pessoas com deficiência visual. Além de oferecer suporte emocional, esses cães são responsáveis por proporcionar maior confiança e autoestima aos seus tutores, possibilitando uma vida mais autônoma e integrada.Quando chegam à idade de aposentadoria, geralmente entre oito e dez anos, ou enfrentam limitações físicas que impedem a continuidade do trabalho, os cães-guia são realocados. Eles podem ser adotados por novas famílias ou permanecer com seus tutores, dependendo da decisão e das condições de cada caso. O processo de transição, que pode incluir a chegada de um novo cão-guia, exige adaptações para garantir a harmonia entre os animais e o bem-estar de todos os envolvidos.
A formação e o trabalho dos cães-guia são essenciais para o fortalecimento da autonomia e da qualidade de vida de seus tutores. Ao mesmo tempo, eles desafiam preconceitos e ampliam as possibilidades de participação social para pessoas com deficiência visual, contribuindo para a construção de uma sociedade mais acessível e inclusiva.
Fonte: Sérgio Dias