
A preservação de valores sociais, culturais e artísticos de uma sociedade é um dos mais caros deveres que uma geração tem em relação à que virá depois dela. Por isso mesmo, é sempre bom que a gente reconheça os esforços de pessoas que se doam com esse fim, especialmente se fazem isso às suas custas ou como parte de esforço voluntário em prol das comunidades em que vivem.
Chegaram a mim exemplos desses esforços de preservação de memória no Estado do Piauí, levados a cabo por pessoas que estão deixando para gerações futuras um acervo cultural, de imagens e objetos que servem para mostrar como era o passado e como pode ser fundamental o entendimento desse mesmo passado, que pode ser um guia para no futuro se errar menos ou ter a ambição muito grande de não errar ou pelo menos não repetir erros pretéritos.
Um dos esforços aos quais me refiro é o da Família Albano, na cidade de Picos. Eles mantêm um museu na parte central da cidade, que recebe o nome do professor Ozildo Albano, também juiz de Direito, um homem especial, que mais de 50 anos atrás iniciou a reunião do acervo que hoje está no museu que leva seu nome.
Devo confessar por dever de honestidade que meu conhecimento sobre o Museu Ozildo Albano é por ouvir dizer e acesso às informações disponíveis na internet, onde existe uma página a exibir parte do rico acervo. Devo, portanto, uma visita, que me obrigo a fazer na próxima vez que for a Picos.
Não devo uma visita ao memorial da família Brito, em Piracuruca, cidade na qual meu pai Berilo, foi juiz. Um de seus mais diletos amigos, o bancário José de Moraes Britto e sua esposa, Maria do Carmo Fortes de Brito instalaram o Memorial Coronel Luiz de Britto Mello. Trata-se de um casarão na qual estão as memórias familiares e da cidade, incluindo desde móveis, fotos, objetos de uso doméstico até itens relacionados a bancos e comércio. Registros de memória que podem servir de base consultas e estudos futuros sobre tempos pretéritos.
O trabalho de Zé Brito e Maria do Carmo reveste-se da mesma importância daquele empreendido em Picos pela família Albano: esforços pessoais, sem qualquer pretensão, assentados um valor incomum de preservação de memória, de respeito às gerações passadas e de apoio às gerações futuras, para que disponham de meios para a apreensão de conhecimentos.
Há, evidentemente, outros tantos piauienses que em suas comunidades cuidam de manter preservadas a memória, a arte, a cultura, os saberes tradicionais. Isso mantém uma sociedade muito viva, capaz de reproduzir no futuro o que de bom realizou no passado e se mantém fazendo no presente. E a estes todos que se esforçam para garantir nossa existência como uma sociedade e uma cultura, cabe-nos somente dizer, muito obrigado!
(*) Álvaro Fernando da Rocha Mota é advogado. Procurador do Estado. Ex-Presidente da OAB-PI. Mestre em Direito pela UFPE. Presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
Fonte: Alvaro Mota
