Passaram-se quatro décadas e minha turma do que hoje se chama ensino médio (segundo grau, em 1983) reuniu-se no Colégio Diocesano, em Teresina. O registro é não somente de um reencontro, mas de um olhar mais acurado sobre nossa própria formação em uma escola confessional jesuíta, responsável pela instrução de cidadãos piauienses que fizeram mais pelas suas cidades, seu Estado, nosso país – ao longo de quase 120 anos de existência.
Estar de volta ao ambiente físico do colégio fez-me compreender melhor ainda um aprendizado dos padres inacianos naquela instituição: formar não os melhores profissionais e cidadãos do mundo, mas para o mundo. O foco, assim, é menos no êxito pessoal, necessário como todos sabemos, mas no êxito coletivo que o mundo tanto exige neste momento.
No sábado, 23 de dezembro, antevéspera de Natal, lá estávamos mais de 70 alunas e alunos das turmas de 1983. Um ar de nostalgia e reencontro tomou conta dessa reunião organizada pelo Douglas Alexandre.
Recebidos pelo estimado professor Roberivan Mariano e pelo padre espanhol José Paulo, cujo acolhimento com empatia e música fez com que todos fossem como que tomados por flashbacks daqueles primeiros e esperançosos anos do começo da década de 1983, que foi de início da caminhada que trouxe todos àquele reencontro.
Era como um primeiro dia de aula, tanto que tivemos uma aula do professor Evaldo Batista na emblemática sala em que ministrava suas aulas o inesquecível Padre Florêncio Lecchi, abrindo em todos um baú de boas lembranças, reforçadas pela visita que fizemos ao memorial com fotos de ex-diretores, entre os quais os padres Ângelo Luigi Imperiali e Luciano Cisman.
É notável que em uma única manhã de uma antevéspera de Natal tantas pessoas tenham reservado parte de seu tempo para um olhar ao passado, num reencontro em que se prestou uma justa homenagem com aposição de uma placa para marcar a ocasião e que menciona, para eternidade e memória, nomes como o do padre Florêncio, cujas lições excederam sua disciplina porque se aplicam à vida, uma boa regra entre os religiosos da Ordem Jesuíta: a formação de pessoas boas para que façam do mundo um lugar melhor.
Assim, o encontro que reuniu 70 ex-alunos serviu como um registro, em placa afixada na escola, para que gerações futuras possam ficar cientes do compromisso desses ex-alunos com um saber responsável, favorável a uma permanente transformação social e econômica do mundo.
Todos os que lá estiveram trilharam caminhos diversos, em variadas carreiras e lugares, atuando com a responsabilidade que aprenderam nos anos de formação em uma escola jesuíta, pela qual, antes e depois dessa turma, passaram estudantes que, formados, fizeram a diferença em suas comunidades e no mundo.