A trajetória humana, desde os primórdios, tem comprovado a natureza guerreira do homem levado por interesses, os mais mesquinhos, sempre procurando a todo custo o dinheiro e o poder.
Se fizermos uma incursão na história, este fato é comprovadamente incontestável, cuja característica continua incontrolada e é extremamente exacerbada nos dias atuais.
Mesmo com o desenvolvimento intelectual, cultural e na ciência, vivemos ainda com essa mentalidade de várias lideranças políticas no mundo afora, praticando o estarrecedor derramamento de sangue, através de antigos e atuais conflitos.
Embora, a grande maioria persigam o caminho do diálogo para a solução dos conflitos territoriais e ideológicos, a vontade da dominação através da força persiste em várias regiões do mundo moderno.
Damos às hienas famintas o poder político e econômico e transferimos a elas até a condução de nossos destinos, daí o surgimento dos déspotas, para quem somos apenas números e não pessoas!
É o fruto da necessidade egocêntrica de dominar o outro. Dentro desses exemplos mais modernos tivemos Adolf Hitler, Josef Stálin, dentre vários que se espalharam pelo nosso planeta.
O ego em desfrutar o poder e controlar o povo ultrapassa toda e qualquer barreira moral.
Mais isso sempre existiu? É imanente a natureza humana a dominação do mais forte sobre o mais fraco? Diríamos que sim, isso acontece desde os sistemas tribais, uma tribo querendo se sobrepor à outra.
Imaginem que há 2.700 anos antes de Cristo , período bem maior pós cristão, nas regiões que se encravam nos tempos hodiernos , o Iraque e o Irã, que viviam em constante lutas pelo domínio econômico, territorial e político.
Já num estado de transição entre a primitividade e épocas posteriores para Estados urbanizados, iniciaram as construções das muralhas para proteção dos inimigos e a defesa de seus numerosos exércitos, já com táticas de guerras um tanto mais definidas.
Eram época das dinastias, Reis com poderes absolutos, sanguinários e desumanos sobre o manto da religião e do poder político que se confundiam entre si, como se fosse uma inspiração divina acumular também o poder temporal.
Em pesquisa histórica, a cidade de Lagash na antiga Suméria, descoberta no século XIX, foi encontrada uma placa de pedra denominada “Estela dos Abutres”, um pedaço de um monumento de maior relevo, em homenagem ao líder Eannatum, que comandou Lagash em torno de 2.500 anos antes de Cristo, com cenas de soldados mortos devorados por abutres, estando estes vestígios históricos depositados no Museu do Louvre, em Paris.
Queremos com isso mostrar que o homem sempre foi um animal feroz quando deseja aniquilar o seu inimigo ou conquistar e estender seus domínios.
Os cadáveres de soldados derrotados tinham suas armas recolhidas, eram abandonados e consumidos pelos animais selvagens ou eram em grandes números queimados vivos em plena batalha.
Fazendo uma comparação com a atualidade, mudaram os métodos de extermínio muito mais abrangentes incomparavelmente em relação a época antiga, mas a mente devastadora do homem como dominador, só fez aumentar por uma tecnologia de guerra de alta precisão.
Estamos vivenciando a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, muitas vidas ceifadas de velhos, jovens e crianças, contadas em números mas sem nomes, como fizera o Nazismo, Fascismo, tantas outras ideologias de esquerda ou de direita, como se compraz a nomenclatura atual.
0 ataques constantes por faixas de terras entre Israel e Palestina, guerras localizadas em países africanos onde a miséria campeia sem comiseração entre os povos, guerras no oriente médio, seja armamentista ou de interesses econômicos que tornam as populações destituídas de sua cidadania, condição humana, verdadeiros joguetes nas mãos dos arbitrários detentores do poder!
Os grandes países ricos e prepotentes, invés de intercederam a favor da paz, alimentam as guerras com armas mortíferas motivados por único inimigo ideológico ou político, deixando a margem centenas e milhares de vidas, que pagam o preço alto , perdendo-a, fugindo dos mísseis, dos bombardeios, muito das vezes a pé, sem destino determinado, sem família, sem ajuda, ao desvario do destino indeterminado.
A paz neste mundo conturbado, só se encontra nos cemitérios aonde nós tornamos seres inanimados, incapazes de cometer algum mal, porque ali cessou a vida, o poder, o dinheiro, a condição social, o orgulho, a inveja.
Quantos corpos insepultos porque faltou a dignidade na própria morte como aconteceu na antiguidade e também na época atual.
O que estamos presenciando, nada mais é do que a repetição dos horrores vividos e continuados pelo aviltamento moral da humanidade, líderes travestidos de cordeiros mas que não passam de um covil de lobos famintos pelo poder, fama e dinheiro!
(*) Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Piauí