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ECOTURISMO

Revoada dos guarás é novo atrativo turístico nas ilhas entre Barra Grande e Macapá

Novo ponto de observação entre Barra Grande e Macapá torna-se atração imperdível no litoral do Piauí; saiba por que as aves são vermelhas

Por Luiz Brandão

Quinta - 30/10/2025 às 08:38



Foto: Luiz Brandão O espetáculo da revoada dos guarás atrai cada vez mais turistas
O espetáculo da revoada dos guarás atrai cada vez mais turistas

Um espetáculo da natureza, pintado de vermelho, tem ganhado destaque no roteiro de ecoturismo no Piauí. Trata-se da revoada dos guarás, fenômeno que ocorre diariamente no final da tarde e que agora pode ser observado de um novo ponto: as ilhas fluviais e mangues localizados entre Barra Grande e Macapá, no litoral do Piauí. A cena, de rara beleza, atrai um número cada vez mais crescente de visitantes, fotógrafos e amantes da vida selvagem.

Todos os dias, minutos antes do pôr do sol, centenas de guarás sobrevoam o manguezal em formação, criando um contraste deslumbrante contra o céu alaranjado. O momento em que as aves chegam para pernoitar nas árvores do mangue tornou-se uma atração turística organizada. Embarcações como canoas e lanchas se posicionam estrategicamente nas proximidades, permitindo que os observadores registrem o evento sem interferir no comportamento natural dos animais.

O ritual é metódico. De manhã, os guarás partem muito cedo em busca de alimento, distante do local de dormitório. Passam o dia forrageando em áreas alagadas e, ao final do dia, retornam em bandos numerosos para o abrigo seguro dos manguezais. É essa revoada de retorno que encanta os espectadores.

Por que os guarás são vermelhos?

Uma das perguntas mais frequentes entre os turistas é sobre a coloração vibrante da ave. Ao contrário do que se possa imaginar, o guará não nasce vermelho. Sua plumagem vai do cinza ao marrom quando jovem. A tonalidade vermelha-rosada intensa é adquirida com a idade, graças à sua alimentação.

De acordo com biólogos que estudam os guarás, eles se alimentam principalmente de caranguejos e outros crustáceos que possuem um pigmento chamado astaxantina. Ao ingerirem esses animais, o pigmento é absorvido e depositado em suas penas, tornando-os gradualmente "cor de fogo".

Visitantes gostam do espetáculo 

Os turistas que visitam o lugar se dizem maravilhados. É o caso do aposentado Haroldo Soares Sales, de 65 anos. Ele e a esposa Vera Sales saíram de Timon, no Maranhão, para passar o final de semana em Maramar, praia que  consideram como uma das mais bonitas do litoral do Piauí. O casal (foto abaixo) fez questão de curtir o lugar e aproveitou para a assistir a revoada dos guarás. "E muito legal. As aves são lindas", disse Vera.

Haroldo Sales e a esposa Vera: passeio de lancha para curtir a revoada dos guarásA mesma opinião é do servidor público Francisco Marques. O teresinense estava de férias no litoral do Piauí. Ele aproveitou e levou a família para assistir o espetáculo dos guarás. "Eu já tinha ouvido falar dessa revoada. E resolvi conferir como minha esposa, meu sogro e minha sogra. Valeu a pena. Eu indico", disse Marques.

Francisco com a esposa e os pais dela esperando a revoada dos guarásTurismo e preservação

A descoberta desse ponto específico de dormitório entre Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, e Macapá, em Luís Correia, tem impulsionado o turismo local. Operadoras de turismo agora oferecem passeios específicos para a observação, ressaltando a importância de manter uma distância segura para não perturbar as aves. 

A atividade é um exemplo de como o turismo de observação de vida selvagem, quando bem conduzido, pode se tornar um vetor de desenvolvimento econômico sustentável, aliando renda para a comunidade à valorização do meio ambiente.

A preservação dos manguezais é fundamental para a sobrevivência dos guarás, uma espécie que, outrora ameaçada, vem se recuperando em várias regiões do Brasil, com destaque para a costa nordestina.

Luiz Brandão

Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.
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