
O presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores não podem reclamar dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Sete dos 11 membro do STF foram indicados pelos ex-presidentes Lula e Dilma Roussef, mas não tem sido fácil para Lula ganhar alguma causa que chega àquela côrte.
As decisões favoráveis a Lula, principal adversário de Bolsonaro no próximo ano, estão saindo a conta-gotas. Mesmo assim, o ex-presidente reconquistou, na Justiça, seus direitos políticos e está apto a disputar a eleição presidencial do próximo ano. E essa é uma grande mudança no cenário político.
Alguns ministros indicados nos governos petistas tem votado, por vezes e até indiretamente, a favor de interesses do Capitão. Carmem Lúcia e Edson Fachin, por exemplo, não viram parcialidade nas ações e nas condenações impostas pelo ex-juiz Sérgio Moro contra o petista, o que mudou completamente o resultado da eleições de 2018.
Lula está elegível e apto para disputar a Presidência da República em 2022
Moro e a Operação Lava Jato foram os principais cabos eleitorais de Bolsonaro. O ex-juiz e os procuradores do Ministério Público Federal - MPF, no Paraná, foram os responsáveis pela eleição do presidente. Sem a perseguição e a prisão de Lula, Bolsonaro nem existiria mais na cena política.
Retomada
Nesta terça-feira (09), a Segunda Turma do STF retomou o julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro na condução do processo do Caso Triplex do Guarajá (SP), que trata de uma reforma nunca feita num apartamento que seria para Lula e que culminou na primeira condenação do ex-presidente na Lava Jato.
E foram os ministros Carmen Lúcia e Edson Fachin, indicados pelos petistas que votaram a favor de Moro. Gilmar Mendes e Ricardo Levandovsky empataram o jogo em 2 x 2. Coube ao indicado de Bolsonaro, Nunes Marques, adiar, mais uma vez, a decisão sobre a suspeição do ex-juiz. Ele pediu vistas ao processo, como Mendes havia feito em 2018.
Há mais de cinco anos a defesa do ex-presidente Lula vem pedindo a suspeição de Sérgio Moro e a anulação dos processos contra ele, com provas robustas da parcialidade do então juiz. Mas, como sempre, a Justiça tem sido lenta para corrigir as injustiças cometidas com Lula para retirá-lo da eleição de 2018 e facilitar a vida dos Bolsonaro.
O sofrimento do PT e dos petistas nos tribunais superiores é fruto da ingenuidade dos líderes que levaram o partido até a situação atual. Esse negócio de apostar cegamente na meritocracia e acreditar que alguém que nunca conheceu realmente as dificuldades do povo poderia decidir por fazer Justiça não deu certo.
Acreditar em quem veio de famílias abastadas, que nunca soube o que é frio, fome e desemprego, portanto sem visão completa de mundo é querer demais. No Brasil, principalmente, os códigos, as normas e os recursos são mais importantes que a própria Justiça.
Os ministros do STF, conforme a Lei, não tem que julgar conforme as orientações de que os indicou. E isso, está ocorrendo no STF. Dos sete ministros indicados nos governos do PT, raros são os que enxergam as injustiças contra Lula, ex-presidente e principal líder petista.
Nunes Marques pediu vistas: decisão lenta
O mesmo não se pode dizer de indicados por outros ocupantes do Palácio do Planalto. O piauiense Nunes Marques, indicado ao STF recentemente pelo atual presidente, pelo menos por enquanto, tem sido fiel aos interesses de Bolsonaro.
Nesta terça-feira, deu mais uma demonstração da sintonia com interesses do Palácio do Planalto. Pediu vistas ao processo que cuida do pedido de suspeição de Moro e a consequente anulação definitiva do processo no qual Lula foi condenado. Quer mais tempo para conhecer o processo. Nunes Marques ingressou no STF em novembro do ano passado.
Ordem de ingresso dos ministro no STF
Marcos Aurélio Melo (Collor)
Gilmar Mendes (FHC),
Ricardo Levandovsky (Lula),
Carmem Lúcia (Lula),
Dias Toffoli (Lula),
Rosa Weber (Dilma),
Luiz Fux (Dilma),
Luis Roberto Barroso (Dilma),
Edson Fachin (Dilma),
Alexandre de Moraes (Temer),
Cássio Marques Nunes (Bolsonaro).
