A saúde pública de Teresina, capital do Piauí, vive um caos que se arrasta há anos. Pacientes enfrentam longas filas de espera, falta de leitos e dificuldades para conseguir atendimento adequado. A situação chegou a um ponto crítico, e uma intervenção urgente do Governo do Estado e da União se tornou indispensável para garantir a vida e a dignidade dos cidadãos. A Fundação Municipal de Saúde (FMS), responsável pela regulação do sistema de saúde no município, está em crise, enfrentando graves problemas de gestão.
A estratégia de barrar pacientes vindos de outras cidades e estados, sob o pretexto de reservar leitos exclusivamente para moradores de Teresina, tem gerado uma barreira que complica ainda mais a situação. Pacientes em estado grave, que precisam de transferência urgente para hospitais de referência, ficam à mercê de um sistema de regulação ineficiente, aumentando o risco de óbitos evitáveis.
Um exemplo concreto dessa crise é o caso do aposentado Francisco Soares Brandão, de 74 anos, residente no bairro Aeroporto, zona norte de Teresina. Internado desde quinta-feira (31.10), na Unidade Mista de Saúde do bairro Buenos Aires com um grave problema cardíaco, ele aguardava, há dois dias, transferência para a UTI do Hospital de Urgências de Teresina (HUT).
A solicitação de transferência, assinada pelo médico Wolner Lopes de Moura Santos Filho, indicava a urgência e pedia prioridade máxima ao caso, mas a transferência só foi realizada neste sábado (02.11), intensificando o sentimento de impotência da família, que, sem recursos para bancar um tratamento em hospital particular, se viu sem alternativas.
As barreiras e a necessidade de intervenção
A política de barreiras impostas pela FMS dificulta também a integração dos sistemas de saúde entre município e estado, interferindo na capacidade de atender casos complexos. Pacientes que necessitam de UTI, por exemplo, enfrentam barreiras adicionais para serem transferidos para hospitais estaduais, como o Hospital Getúlio Vargas.
Desde de 1º de agosto de 2024, as consultas, exames e cirurgias eletivas de pacientes em hospitais da rede estadual de saúde passaram a ser agendadas exclusivamente pelo Sistema Estadual de Regulação (Regula Piauí). O objetivo foi fazer a distribuição de vagas de forma proporcional, garantindo o acesso aos serviços do SUS para todos os piauienses.
O Sistema Estadual de Regulação já estava disponível para todos os municípios do estado desde junho. Com exceção de Teresina, as demais secretarias municipais já migraram para o novo sistema e estão aptas a fazer o agendamento após atendimento na atenção básica. A FMS resolveu manter seu sistema de regulação separada do sistema do estado, criando uma barreira na integração do serviço.
Por dever de Justiça, é preciso ressaltar que a crise na saúde de Teresina não é culpa dos médicos, enfermeiros e demais profissionais da área, que trabalham em condições precárias e fazem o possível para cuidar dos pacientes.
A bem da verdade, os profissionais de saúde são verdadeiros heróis e heroínas, que se esforçam diariamente para oferecer o melhor atendimento, mesmo com infraestrutura insuficiente e recursos escassos. Enquanto isso, a população sofre, e vidas são perdidas devido à má gestão da saúde pública municipal.
A regulação das internações e transferências mantida pela FMS precisa ser revista com urgência, visando integrar o sistema de saúde do município ao do estado para agilizar o atendimento de casos graves. Com a fila de espera cada vez maior, a falta de leitos e a desorganização na regulação, o cenário exige uma intervenção imediata do Governo do Estado para impedir que a crise se agrave ainda mais.
Em busca de soluções
A crise na Saúde de Teresina é tão grave que nas duas vezes que governador Rafael Fonteles e o prefeito eleito de Teresina, Silvio Mendes, se reuniram depois da eleição do dia 6 de outubro, quando médico saiu vencedor, o principal assunto em pauta foi exatamente esse caos na saúde do município.
A primeira reunião foi no mês passado e a segunda ocorre neste sábado (02.11), quando Rafael Fonteles e Sílvio Mendes e seus respectivos auxiliares na área da saúde se encontraram no Palácio de Karnak. A pauta da reunião foi exclusivamente a busca de soluções para crise na saúde municipal. O governador e o prefeito eleito buscam solução para o problema.
A integração das ações da Secretaria Estadual de Saúde - Sesapi, e da FMS é um passo importante para isso iniciar uma solução definitiva para a crise. O prefeito eleito sabe que o enfrentamento político não é a melhor saída para o problema, por isso busca o entendimento.
Silvio Mendes já indicou o ex-reitor da UFPI, Charles Silveira, para o comando da FMS a partir de janeiro de 2025. Charles é um experiente gestor público e tem carta branco do futuro prefeito para buscar as soluções para a crise da saúde na capital piauiense.
O secretário estadual de Saúde, Antônio Luis, informou que a reunião foi para uma conversa inicial em busca de formar uma equipe que irá se reunir posteriormente para tratar de alguns problemas específicos a serem ajustados na próxima gestão da FMS.