Foto: Luiz Brandão
Estátua de Santa Dorotéia, cartão postal de Joaquim Pires
As rádios comunitárias exercem uma função social importante. Elas dão voz aos territórios onde estão localizadas e estão comprometidas com melhor qualidade de vida das pessoas que ali vivem. Com base nisso o governo federal vai incentivar a criação, legalização e manutenção desses veículos de comunicação em todo o Brasil.
Desde a criação do Movimento Nacional da Rádios Comunitárias, há mais de 25 anos, poucas são as emissores desse tipo que sobreviveram. A grande maioria simplesmente sumiu por falta de dinheiro para manter equipamentos e até mesmo de pessoas dispostas a atuar sem ganhar nada.
Depois de muitas lutas e discussões, em 1998, foi criada a Lei de Radiodifusão Comunitária. De lá até agora, quase 15 mil processos de legalização de rádios comunitárias foram protocolados no Ministério das Comunicações, mas apenas pouco mais 10% desses foram autorizados.
As rádios comunitárias garantem a salvaguarda dos direitos daqueles que vivem em locais remotos e que os braços do Estado nunca alcançam. Elas são responsáveis por amplificar o "grito dos excluídos", em todo o país.
Aos pés de Santa Dorotéia
Atualmente, manter uma rádio comunitária em funcionamento é um ato de bravura. No Piaui, poucas estão em plena atividade. É o caso da Rádio Joaquim Pires FM, da cidade que carrega o mesmo nome da emissora, a 235 quilômetros de Teresina, no Norte do Piauí.
A Rádio Joaquim Pires FM fica em um dos locais mais altos da cidade e com bela vista para a Lagoa do Cajueiro, a segunda maior do Piauí. De frente à sede da emissora fica uma grande estátua de Santa Dorotéia, padroeira da cidade, que surgiu por volta?de 1880.
Apesar da importância da para cidade, o local onde fica a homenagem a ela parece um tanto abandonado. Até mesmo as letras que formavam o nome dela nos pés da estátua caíram e agora lê-se apenas "STª OR TÉIA".
Vista da Lagoa do Cajueiro do alto da Santa DorotéiaVisita e história
No início da tarde deste sábado (01), os jornalistas Luiz Brandão e Roberto John visitaram a sede da Rádio Joaquim Pires FM. Lá conversaram com os radialistas Genilson Santos e Fábio Sátiro sobre o surgimento das rádios comunitárias e a luta para a legalização delas.
Roberto John, que também é professor universitário e ativista dos movimentos sociais, explicou que antes do reconhecimento da importância delas, havia muita perseguição e preconceito contra essas emissoras.
"Havia tanto preconceito e perseguição política contra esses veículos de comunicação que os agentes da repressão, ainda com a visão da ditadura militar, chamavam rádios comunitárias de rádios piratas", lembra Roberto John, que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Piauí.
O radialista Genilson Santos é um dos responsáveis por manter a Rádio Joaquim Pires FM em funcionamento. Ele reconhece as dificuldades em manter uma emissora como a que trabalha no ar. Mas ele é um entusiasta das rádios comunitárias e está confiante de que a situação em que esses veículos de comunicação se encontram atualmente pode melhorar.
Luiz Brandão, Roberto, Genilson e Fábio no estúdio da rádio Joaquim Pires FM
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Luiz Brandão
Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.