O PT não pode prescindir de suas cores, seus símbolos e de sua história. O partido é vermelho e seu principal símbolo é uma estrela com sua sigla no interior, mas nessa campanha de Teresina o petismo ficou azul e branco e suas estrelas sumiram ou se esmaeceram na massificação de cores. O PT perdeu sua identidade visual e o resultado foi mostrado nas urnas. Veja que o adversário vitorioso persistiu na sua cor azul, usada há 40 anos pelos tucanos, sem renegá-la.
Claro que não foi só esse o motivo da derrota acachapante de domingo (06.10) em Teresina, mas os signos e as representações não podem ser negados, porque são legados históricos e vivos, e, por incrível que pareça, para alguns desavisados marqueteiros, o eleitor mediamente esclarecido percebe essa tentativa de enganá-lo e dá o troco para o bem ou para o mal.
Nas mais consolidadas democracias o que se vê é a permanência das cores e símbolos partidários desde a origens de seus partidos. É assim nos EUA, na Inglaterra, no Canadá, na Alemanha, na França, na Itália e outros países, pois esses elementos assumem força performática que leva à reflexão e à ação sobre qual a escolha que os cidadãos fazem na hora do voto.
Esses símbolos não se confundem. Quem fez o marketing da campanha do PT em Teresina deve ter esquecido desses importantes fatores da comunicação e afirmação de uma proposta e de ideias: os símbolos. Como bem disse o presidente Lula, ao ser preso em 7 de abril de 2018 – “não se pode matar ou prender uma ideia”. Essas tentativas de esconder os símbolos partidários a depender de conjunturas políticas, fatalmente leva a descaracterização do que é do que deve ser uma instituição partidária, provocando um descredito popular.
A estrela, a cor e as caras dos que construíram o partido não podem e nem devem ser esquecidos ou substituídos por mera vontade de um marqueteiro que, a cada eleição, impõe a retirada dos símbolos do partido, com equívocos provocados por elementos conjunturais efêmeros. Tirar o vermelho e as estrelas do PT da cena é um erro grave. É negar a importância dos símbolos, da origem e da gente que fez e faz o partido.
Em 2002, quando Wellington Dias se elegeu governador do Piauí pela primeira vez, a grande sacada de marketing foi colocar bandeirolas vermelhas, simultaneamente, nas entradas e saídas de todas cidades do Piauí. O estado vermelhou e isso fez toda diferença ao gerar um impacto visual diante de um eleitor que necessitava de uma alternativa política, identificando-a e se autoidentificando. Se o vermelho era tão estigmatizado àquela época e o assumimos com coragem e corremos os riscos, porque agora então, em plena era da Internet e da inteligência artificial nos envergonhamos de usá-lo?
As redes sociais dos candidatos ligados à chapa de Fábio Novo, ficaram lotadas de neo-petismo, de coisas que não lembram a luta do partido, excluindo a cor, a estrela e até a sigla partidária. Ora, mas se as redes sociais são importantes para garantir os simbolismos, então por que os principais símbolos e caras do PT foram jogados para baixo do tapete?
Temos de questionar algumas coisas para evitar erros futuros. Precisamos esquecer esse marketing que diz o que você não é e esconde o que você realmente é. Tratar a sociedade como burra é um erro gravíssimo. As pessoas percebem claramente quando alguém está tentando enganá-las.
Por dever de Justiça, é necessário destacar aqui que, em vários municípios onde a tradição do PT se fez presente, onde ocorreu a onda vermelha, o partido saiu vitorioso nas urnas, como em Porto, Caracol, Luis Correia, São João do Arraial e muitos outros.
Torcemos para que a voz das urnas sirva de lição para as próximas lutas e para que algumas caras pálidas fiquem vermelhas.