Há 11 anos enfrentando um câncer de mama com metástases, a Engenheira Florestal e Mestra em Produção Vegetal Balbina Maria de Jesus poderia ter se rendido às circunstâncias. Aposentada pela doença, em quimioterapia, ela escolheu um caminho diferente: transformar sua trajetória em fonte de inspiração e informação para outras mulheres.
A história com o câncer começou quando Balbina estava no auge de sua carreira, à frente da gestão de duas Unidades de Conservação na Bahia. "Para quem se cuidava muito, foi uma facada. Para mim, foi revoltante", desabafa. "Eu vinha de uma rotina realmente intensa de trabalho, mas eu não deixava de me cuidar. Meus check-ups eram todos em dia. Nunca negligenciei nenhum, em nenhum momento. Isso foi o que me revoltou mais".
A profissional, acostumada a comandar equipes e gerenciar projetos ambientais complexos, viu sua vida mudar completamente com o diagnóstico. O primeiro tratamento a afastou parcialmente de seu trabalho no Oeste da Bahia, para onde retornou assim que pôde. Mas o ano seguinte trouxe a notícia da volta da doença.
"Eu tinha feito tudo que o médico tinha determinado. Então, não esperava”, lembra. "Confesso para você que eu dava chute no vento. Quem estava perto de mim sofreu". A revolta inicial deu lugar à aceitação quando apareceram as metástases, iniciando uma batalha que perdura até hoje.
A transição do mundo corporativo para os corredores dos hospitais não foi fácil. A situação se complicou com as novas metástases, até que a aposentadoria por doença se tornou inevitável. Mas Balbina encontrou na terapia e nos grupos de apoio uma nova razão para seguir em frente. "Foi um divisor de águas para mim, para eu aceitar a doença e dar um outro sentido, começar a dar sentido para ela".
Hoje, Balbina dedica sua energia a conscientizar outras mulheres sobre a importância do autocuidado e da prevenção. "Escute seus médicos. É importante que você interaja com eles e tire suas dúvidas", aconselha. "Procure ajuda em grupos. Não façam como eu fiz no início, de rejeitar e de não querer saber de pacientes, de não querer saber de grupos. É importante sim, e não aceite que ninguém lhe tenha como coitada".
Mais de uma década depois do diagnóstico, ela fala sobre sua filosofia de vida. “Não pense que eu espero o milagre, porque eu já me considero milagre. Eu vivo um dia de cada vez".
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