
O Governo Federal vai investir R$ 2,4 bilhões na compra de mais de dez mil equipamentos médicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). A medida, anunciada por meio dos editais do PAC-Saúde, estabelece margem de preferência para produtos fabricados no Brasil, permitindo a aquisição mesmo com preços até 20% superiores aos similares importados.
A primeira concorrência pública será lançada ainda nesta semana. A lista de itens foi publicada na quinta-feira (31), no Diário Oficial da União, por meio de resolução da Comissão Interministerial de Inovações e Aquisições do Novo PAC (CIIA-PAC). As compras serão realizadas pelo Ministério da Saúde.
“O Governo do presidente Lula seguirá mobilizando todos os instrumentos para defender a economia brasileira, como é o caso das compras públicas, que têm um papel importante para fortalecer o setor de dispositivos médicos", afirmou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
A margem de preferência é regulamentada pelo Decreto nº 11.889/2024 e respaldada pelo Art. 26 da Lei nº 14.133/2021. O dispositivo garante tratamento diferenciado a bens e serviços desenvolvidos no Brasil, desde que cumpram os critérios definidos pela CIIA-PAC.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a iniciativa representa um avanço estratégico para o país:
“O momento atual reforça a importância de fortalecer as nossas empresas e a nossa indústria para maior soberania e segurança para a nossa saúde. Esta é também uma oportunidade de uma mobilização ainda maior”, declarou.
Hoje, o Brasil produz cerca de 45% das suas demandas em medicamentos, vacinas, equipamentos e outros insumos de saúde. A meta do programa Nova Indústria Brasil (NIB) é alcançar 50% de produção nacional até 2026 e 70% até 2033.
“Absolutamente todos os países com políticas industriais têm interesse em ter a garantia de compras públicas, que trazem previsibilidade em um espaço temporal extremamente razoável, essencial para estimular o investimento produtivo do setor privado”, explicou o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira.
Modernização da rede pública de saúde
A resolução do CIIA-PAC contempla 17 tipos de equipamentos voltados à atenção primária e 11 para cirurgias e procedimentos oftalmológicos. Na atenção especializada, os itens incluem aparelhos para diagnóstico e terapias em procedimentos eletivos e de alta complexidade.
Na atenção básica, os equipamentos têm foco em prevenção, diagnóstico precoce, reabilitação e resposta clínica, com tecnologias que também favorecem a integração digital dos atendimentos.
Apoio à indústria nacional
A medida integra um conjunto mais amplo de políticas públicas que visam fortalecer a produção de tecnologia em saúde no Brasil. Um dos destaques é o programa Fornecedores SUS, do BNDES, que destina R$ 500 milhões até 2028 para financiamento de empresas brasileiras, com menos burocracia e valor mínimo reduzido para R$ 10 milhões.
Também atuam nesse eixo a Finep e a Embrapii, que apoiam o Complexo Industrial da Saúde e instituições científicas e tecnológicas (ICTs), desde startups até grandes indústrias.
Confira os equipamentos listados na Resolução CIIA-PAC:
Atenção Primária:
Câmara fria para vacinas
Retinógrafo digital
Espirômetro digital
Dermatoscópio digital
Eletrocardiógrafo digital
Eletrocautério (bisturi elétrico)
Desfibrilador externo automático (DEA)
Doppler vascular
Laser terapêutico de baixa potência
Ultrassom para fisioterapia
Balança digital portátil
TENS e FES
Dinamômetro digital
Cadeira de rodas
Fotóforo (foco de luz de cabeça)
Tábua de propriocepção
Otoscópio digital
Ultrassom portátil de bolso
Atenção Especializada (Cirurgia):
Arco cirúrgico
Aparelho de anestesia
Monitor multiparâmetro
Mesa cirúrgica elétrica radiotransparente
Ultrassom portátil
Vitreófago com facoemulsificador
Microscópio cirúrgico oftalmológico
Laser para oftalmologia (YAG/DIODO)
Fotocoagulador a laser
Biômetro de coerência óptica
Sistema de vídeo endoscopia rígida
Fonte: Agência Gov