
A expectativa de vida no Brasil subiu para 76,4 anos, um aumento de 0,9 ano em relação a 2022, segundo o IBGE. Esse crescimento reflete uma mudança significativa nas dinâmicas familiares, com a velhice deixando de ser vista como um período de despedida e se tornando uma fase ativa, marcada por novos desafios e oportunidades. A psicóloga Izabella Melo, do Centro Universitário de Brasília (CEUB), analisa o impacto dessa longevidade nas relações familiares e na qualidade de vida dos idosos.
De acordo com Izabella Melo, a longevidade modifica a percepção de tempo, levando as famílias a refletirem sobre a importância do autocuidado e da qualidade de vida. “A velhice deixa de ser um fim e passa a ser uma fase ativa, rica em aprendizado, desde que haja planejamento e suporte adequado”, afirma a psicóloga. Ela destaca que, com o envelhecimento da população, a ciência se vê desafiada a acompanhar essa realidade, com pesquisas nas áreas de economia, sociologia, medicina e ciência política.
No campo psicológico, as famílias enfrentam desafios emocionais e práticos ao conviver com diferentes gerações. Embora algumas optem por hospedar idosos em instituições especializadas, essa escolha ainda é vista com estigma em muitas partes do Brasil. “A institucionalização é frequentemente associada a abandono ou negligência, embora muitas vezes seja uma decisão baseada na qualidade do suporte oferecido”, explica a especialista.
Além disso, o convívio familiar com idosos traz benefícios, como o compartilhamento de experiências, mas também pode gerar conflitos devido a diferenças de valores, costumes e à adaptação à tecnologia, impactando a comunicação diária. As doenças relacionadas ao envelhecimento, como osteoporose, demência e Alzheimer, também exigem maior suporte dos familiares.
Izabella Melo aponta que fatores socioeconômicos influenciam diretamente a longevidade e a qualidade de vida dos idosos. "Pessoas com melhores condições de saúde, trabalho e acesso a serviços médicos ao longo da vida tendem a envelhecer com mais qualidade", observa.
Um aspecto positivo da longevidade é o fortalecimento do vínculo entre avós e netos. Com a autonomia crescente dos avós, a relação pode ser mais enriquecedora, proporcionando um impacto emocional significativo. “Os avós são guardiões da memória e identidade familiar, permitindo que os netos se conectem com a história da família e reforçando laços emocionais”, conclui Melo.
Fonte: Ceub