Saúde

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Consumo excessivo de álcool aumenta risco de lesão cerebral, revela estudo

Pesquisa indica que pessoas que bebem oito ou mais doses por semana têm 133% mais chances de desenvolver lesões associadas a problemas de memória e cognição

Da Redação

Sexta - 11/04/2025 às 12:00



Foto: Arquivo/Agência Brasil Bebidas alcoólicas
Bebidas alcoólicas

O consumo excessivo de álcool está relacionado ao aumento do risco de lesões cerebrais que afetam a memória e o pensamento, segundo um novo estudo. Os pesquisadores definiram o consumo excessivo como oito ou mais bebidas alcoólicas por semana.

Esse estudo, publicado na revista Neurology, surge em um momento em que médicos e defensores da saúde pública estão intensificando os esforços de conscientização sobre o transtorno do uso de álcool e os riscos do consumo excessivo.

Para ajudar as pessoas a refletirem sobre seus hábitos de consumo, a especialista em bem-estar da CNN, Dra. Leana Wen, conversou sobre as implicações do estudo e como identificar sinais de consumo problemático.

Como o álcool afeta o cérebro?

A Dra. Wen explica que o estudo envolveu a análise post-mortem de mais de 1.700 pessoas, com uma idade média de 75 anos. Os cientistas examinaram seus tecidos cerebrais em busca de sinais de lesão cerebral, como a arterioloesclerose hialina (associada a problemas de memória e cognitivos) e emaranhados de tau (relacionados à doença de Alzheimer).

Os participantes foram divididos em quatro grupos:

  1. Nunca beberam

  2. Consumiam sete ou menos bebidas por semana

  3. Consumiam oito ou mais bebidas por semana (consumo excessivo)

  4. Ex-bebedores pesados (aqueles que pararam de beber)

Os resultados mostraram que os bebedores pesados tinham 133% mais chances de desenvolver arterioloesclerose hialina em comparação com não bebedores, mesmo após considerar fatores como o tabagismo. Já os ex-bebedores pesados tinham 89% mais chances de desenvolver essa lesão, e os bebedores moderados, 60% mais chances. Além disso, os bebedores pesados tinham maior probabilidade de desenvolver emaranhados tau e de morrer 13 anos mais cedo em média.

O álcool e seus efeitos no cérebro

O consumo de álcool, a curto prazo, pode afetar a comunicação cerebral, prejudicando o controle do pensamento, coordenação e equilíbrio. Consumos elevados de álcool podem até afetar áreas do cérebro responsáveis por funções vitais como respiração e frequência cardíaca.

A longo prazo, o uso abusivo de álcool pode causar alterações cerebrais significativas, como na síndrome de Wernicke-Korsakoff, que pode resultar em perda de memória permanente. Além disso, o consumo constante de álcool em quantidades menores pode acelerar o envelhecimento do cérebro.

Quantidade de álcool considerada excessiva

De acordo com as Diretrizes Dietéticas dos EUA, o consumo considerado saudável é de uma bebida por dia para mulheres e duas bebidas por dia para homens. No entanto, essa recomendação tem sido questionada, já que o Cirurgião-Geral dos EUA, Dr. Vivek H. Murthy, alertou que até esse consumo pode estar associado ao risco de câncer.

No estudo, mesmo um consumo de oito ou mais bebidas por semana foi associado a lesões cerebrais. Já o consumo abusivo, definido como quatro ou mais bebidas em uma ocasião para mulheres e cinco ou mais para homens, é considerado mais arriscado, podendo levar a acidentes e causar danos ao organismo.

Consumo excessivo e vício

O consumo excessivo de álcool pode levar a uma dependência fisiológica, conhecida como transtorno do uso de álcool, que afeta milhões de pessoas nos EUA. Esse transtorno é caracterizado pela perda de controle sobre o consumo de álcool, dificuldade em cumprir responsabilidades e sintomas físicos ao parar de beber, como náusea e suor.

Relação saudável com o álcool

A Dra. Wen acredita que é possível ter uma relação saudável com o álcool, desde que o consumo seja moderado. No entanto, ela alerta que qualquer consumo excessivo pode resultar em danos ao cérebro e ao corpo, e que a melhor abordagem é reduzir a ingestão sempre que possível.

Ela sugere que as pessoas façam desafios de abstinência, como o Janeiro Seco e o Outubro Sóbrio, para refletirem sobre seus hábitos. Essas iniciativas podem ajudar a perceber o impacto do álcool na saúde e a avaliar os motivos para o consumo, como se ele é usado para mascarar sentimentos negativos.

Se alguém perceber sinais de consumo excessivo ou dependência, é importante procurar ajuda médica para reduzir os riscos de danos a longo prazo.

Fonte: Com informações da CNN

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