
A eleição para a presidência nacional do PT permanece indefinida nesta segunda-feira (7), após a suspensão da votação em Minas Gerais. O processo eleitoral, realizado no domingo (6) em todo o país, foi paralisado no estado mineiro por decisão judicial, o que impede a divulgação oficial do resultado. O diretório nacional do partido avalia se será possível concluir a apuração mesmo sem os votos mineiros ou se será necessário aguardar nova votação no estado.
A indefinição foi causada por uma ação judicial movida pela deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG), que recorreu à Justiça para garantir sua candidatura à presidência do partido. Dandara contestava uma decisão interna que havia impugnado seu registro devido a pendências relacionadas ao pagamento de taxas partidárias. A Justiça acatou o pedido da deputada, mas, de acordo com a direção petista, não houve tempo hábil para confeccionar e distribuir as cédulas de votação em todos os municípios mineiros.
Com isso, Minas Gerais ficou de fora do pleito realizado entre 9h e 17h do domingo no restante do país. A ausência do segundo maior colégio eleitoral do partido gera incerteza sobre a totalização dos votos, uma vez que o estado concentra aproximadamente 10% dos filiados aptos a votar em nível nacional, segundo deputados do PT ouvidos pela CBN.
Eleições indefinidas
A disputa tem como favorito Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP) e atual secretário de Comunicação do governo federal, que conta com apoio declarado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, aliados do candidato reconhecem que a exclusão dos votos de Minas pode ter algum impacto sobre a margem de vitória ou até mesmo adiar a definição do resultado. Ainda assim, a expectativa entre dirigentes do partido é de que Edinho conquiste a presidência com vantagem sobre os demais concorrentes.
O presidente interino do PT, senador Humberto Costa, criticou a judicialização do processo eleitoral, classificando-a como um precedente perigoso para a autonomia partidária. “Na nossa visão, as decisões do partido devem ser tomadas no âmbito do partido e o que for decidido deve ser cumprido por todos. Além do mais, a decisão que foi tomada pelo diretório nacional foi por uma larga margem”, afirmou. Ele acrescentou que a direção nacional entrou com contestação na Justiça e defendeu que o Judiciário não interfira na vida interna das legendas: “Consideramos que não é papel da justiça interferir na vida interna de nenhum partido”.
Caso confirme a vitória, Edinho Silva terá a missão de liderar o PT em um momento decisivo, marcado pela necessidade de reorganizar alianças políticas visando as eleições de 2026 e pacificar disputas internas que geram desgaste na legenda. Com perfil moderado e discurso voltado à construção de pontes na centro-esquerda, Edinho é visto como peça-chave para ampliar a base de apoio do governo e garantir maior estabilidade política.
O partido ainda não divulgou previsão para o anúncio oficial do resultado da eleição nacional.