
O deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) decidiu recusar o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar o Ministério das Comunicações. A decisão será comunicada oficialmente ao Palácio do Planalto após reunião da bancada do partido na Câmara, prevista para a tarde desta terça-feira (22).
Pedro Lucas havia sido anunciado para o cargo no dia 10 de abril pela ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, após encontro com Lula. No entanto, a nomeação travou diante da resistência da bancada da sigla, que se divide entre o apoio ao governo e a defesa de um maior distanciamento do Executivo.
A recusa ocorre duas semanas após a saída de Juscelino Filho (União Brasil-MA) do ministério. Ele deixou o cargo no dia 9 de abril, após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suposto desvio de emendas parlamentares. Desde então, a pasta é comandada interinamente por Sônia Faustino Mendes, secretária-executiva.
Pedro Lucas integra a ala governista do União Brasil, mas decidiu permanecer na liderança da bancada na Câmara, cargo que passou por intenso processo de disputa interna. Segundo aliados, a manutenção na liderança foi estratégica, uma vez que sua saída abriria espaço para uma nova eleição e poderia gerar um novo racha dentro do partido.
A liderança do União Brasil é hoje peça-chave para as articulações do governo no Congresso. Parlamentares da ala contrária à adesão ao governo consideram que a ida de Pedro Lucas ao ministério vincularia ainda mais o partido à gestão Lula. Um dos principais opositores da ideia é o grupo ligado ao presidente nacional da sigla, Antônio Rueda, que quer preservar o capital político da legenda para 2026.
Em entrevista recente à CNN Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), afirmou que “indicar o vice de Lula é o cenário ideal” para o partido. Nos bastidores, no entanto, a pré-candidatura à Presidência do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem reforçado a pressão para que a legenda adote uma postura mais independente.
Com a desistência de Pedro Lucas, o governo Lula ainda não definiu o próximo nome para o Ministério das Comunicações. Um dos cotados é o deputado Moses Rodrigues (União Brasil-CE), mas também há a possibilidade de o atual ministro do Turismo ser remanejado para a pasta. Outra alternativa, considerada viável por aliados do governo, é que o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) — responsável pela indicação de Juscelino Filho — apresente um novo nome.
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Fonte: Brasil 247