
A psicológica piauiense Emanuela Dourado Rabêlo Ferraz foi exonerado do cargo de "Técnico III”, que ocupava na Superintendência de Representação do Piauí em Brasília (Surpi). Ela recebia de R$ 4.943, 75 e terá de devolver o que recebeu durante o período em que acumulou emprego ilegalmente. A informação é de um dos diretores da Surpi, Rannier Costa.
O caso da acumulação de cargos por Emanuel Ferraz virou um escândalo no Governo do Distrito Federal e chegou até até à Câmara dos Deputados, porque um dos cargos era no gabinete da deputada federal Iracema Portella, do PP, denunciada recentemente pela Procuradoria Geral da República como envolvida num esquema de "rachadinha" (quando o servidor devolve parte ou todo salário ao parlamentar que o empregou.
Pela acumulação, a psicóloga trabalharia 22 horas por dia: seis no Governo do Piauí, oito na Câmara dos Deputados é 8 no GDF. Por toda essa "carga de trabalho", ela recebia mais de R$ 34 mil mensais, valor próximo ao teto salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal - R$ 39,2 mil, conforme soma dos valores dos salários de cada cargo.
Emanuela é esposa do advogado Ney Ferraz Júnior, atual presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do DF - Iprev-DF. Ambos são piauienses e apadrinhados políticos do senador Ciro Nogueira (PP-PI), para quem trabalharam diretamente no gabinete da campanha eleitoral de 2018.
No dia 12 deste mês, a psicóloga, que já acumulava cargos na Câmara dos Deputados, Governo do Piauí e no próprio GDF, foi nomeada vice-presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal - Ifes-DF, pelo governador Ibaneis Rocha.
Emanuela Ferraz era comissionada, com dedicação exclusiva, no Governo do Estado do Piauí, nomeada em 03 de junho de 2019 e lotada no Escritório de Representação em Brasília, onde ocupava a função de “Assessor Técnico III”, com remuneração de R$ 4.943, 75.
Conforme levantamento no Portal da Transparência, a psicóloga também era comissionada na Câmara dos Deputados, onde ocupa Cargo de Natureza Especial (CNE), nomeada em 27 de maio de 2019, com salário de R$ 5.524,70, lotada na Quarta Secretaria. Era lotada no gabinete da deputada Iracema Portella, ex esposa do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP.
Agora, no Iges-DF, Emanuela tem salário-base de R$ 24,8 mil. Mas, de acordo com o site do próprio instituto, a remuneração do cargo de diretor-vice-presidente é de R$ 26,9 mil.
Antes de assumir o cargo atual, ela era superintendente operacional do próprio Iges-DF. Talvez, por isso, nunca foi vista dando expediente no Escritório de Representação do Piauí em Brasília é nem na Quarta Secretaria da Câmara dos Deputados.
Conforme consta no currículo anexado aos dados e documentos do Iges-DF, Emanuela é psicóloga formada pelo Centro Universitário Santo Agostinho, no Piauí, e tem mestrado em saúde mental pela Universidade de Fortaleza (Unifor).
Notícia relacionada
"Afilhada" de Ciro Nogueira tem cargos na Câmara, GDF e Governo do Piauí; salários somam R$ 35 mil