O tenente-coronel Mauro Cid não retornará aos quartéis do Exército na próxima terça-feira (4), data em que seu retorno ao serviço estava previsto. Para evitar constrangimentos, a Força determinou que ele tire 60 dias de férias, referentes ao período de folgas não usadas enquanto atuava como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A decisão ocorre no mesmo dia em que Cid inicia o cumprimento efetivo de sua pena de dois anos de reclusão, em regime aberto, por participação na trama golpista. A expectativa dentro do Exército é de que o comandante geral, Tomás Paiva, aprove até janeiro o pedido do militar para passar para a reserva remunerada.
O afastamento através das férias está de acordo com os regimentos internos, que determinam que o militar que não gozou do período de descanso por motivos excepcionais deve se retirar do serviço na primeira oportunidade. De acordo com fontes, o assunto foi tratado diretamente com Cid, que não se opôs à determinação.
Apressando a saída: o pedido de aposentadoria
O clima entre os oficiais é considerado desfavorável para o retorno de Cid, conforme apurado pela reportagem nos últimos meses. Esse cenário fez com que seu pedido de aposentadoria antecipada, protocolado em agosto, seja visto com bons olhos no quartel-general de Brasília.
O pedido, conhecido como "cota compulsória", permitiria que Cid deixe o serviço ativo antes de completar o tempo mínimo de 31 anos – ele tem 29 anos e 6 meses de serviço. Uma comissão do Exército analisa a documentação e deve dar um parecer até o fim de dezembro ou início de janeiro.
A reportagem apurou que o próprio Exército já havia sugerido a Cid, ainda em 2023, que solicitasse a cota compulsória para focar em sua defesa. Na época, o militar recusou, acreditando que reverteria a situação. Agora, aliados avaliam que a sua permanência tornou-se "insustentável".
O futuro de Mauro Cid
Com a pena decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, Cid já projeta seu futuro. Ele espera obter a autorização para a reserva remunerada até o início de 2026, o que manteria seus benefícios. Entre os planos, estão a possibilidade de se mudar para os Estados Unidos, onde mora um de seus irmãos, e de se capacitar para dar aulas e prestar consultorias sobre as Forças Armadas. Segundo um interlocutor, o militar declara não ter experiência no mundo civil e encara o futuro com incerteza após o fim de seu processo no Supremo.
Fonte: Folha de São Paulo
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