Segundo a equipe de transição de Silvio Mendes (União Brasil), o prefeito eleito assumirá a Prefeitura de Teresina com um rombo de R$ 800 milhões. O assunto foi debatido na manhã desta quarta-feira (13), na primeira reunião do secretariado com o prefeito eleito. O encontro aconteceu no auditório da Caixa Econômica Federal, zona Leste de Teresina.
Segundo relatório da equipe de transição, a maior parte do débito seria da Fundação Municipal de Saúde (FMS), onde a dívida seria de R$ 400 milhões. O rombo também se estenderia para áreas como limpeza pública e educação.
Em entrevista à imprensa, o futuro secretário Municipal de Planejamento (Semplam), Marco Antônio Ayres, que também integra a equipe de transição, afirmou que a situação é "preocupante" e que o prejuízo é "muito grande".
Desvio de verbas na FMS
Na última semana, o prefeito eleito já havia anunciado que a equipe de transição dele encontrou desvios de verbas milionários na FMS. Segundo Silvio Mendes, os desvios totalizam cerca de R$ 20 milhões e teriam sido descobertos em auditoria realizada a pedido do atual presidente da pasta, o médico Ítalo Costa.
"Nessa transição tomamos conhecimento de uma coisa terrível e que naturalmente a gestão municipal deverá tornar pública, porque é muito grave, coisa que eu nunca vi. É desvio de dinheiro mesmo, da saúde, quando está faltando praticamente tudo", comentou Silvio Mendes.
O dinheiro desviado teria sido transferido para clínicas particulares que prestaram serviços para a Fundação. As clínicas teriam sido pagas com valores multiplicados, que chegavam a ser 30 vezes maior do que o devido.
TCE identificou o sumiço de R$ 17 milhões em emendas parlamentares
Além disso, em maio deste ano, o Tribunal de Contas do Piauí (TCE-PI) divulgou um relatório de uma auditoria realizada na FMS, onde foram encontradas nove irregularidades na gestão entre os anos de 2023 e 2024, entre elas o sumiço de R$ 17 milhões em emendas parlamentares.
O processo de auditoria constatou que a FMS não sabe quais as dívidas provenientes dos exercícios anteriores, não tem planejamento para a aquisição dos insumos e não segue um calendário de pagamento que respeite a ordem cronológica das dívidas junto aos fornecedores e ainda a existência de falhas contábeis que permitam identificar a origem dos recursos e em que eles foram aplicados.
Atualmente, o TCE-PI está acompanhando de perto se as irregularidades apontadas na auditoria foram sanadas, após a crise na FMS voltar à tona com a denúncia de Silvio Mendes.
Entre as falhas constatadas pela própria FMS, estaria o pagamento de 154 servidores que ganham mais que o prefeito de Teresina (R$ 17,9 mil), ferindo assim o teto constitucional. Além disso, remuneração a servidores mortos causou um prejuízo de quase R$ 1 milhão na folha, e outros 1.147 servidores estariam acumulando cargos públicos ilegalmente.