
O conservadorismo no Brasil apresentou uma leve retração em 2025, de acordo com o Índice de Conservadorismo Brasileiro divulgado pelo Ipec em parceria com o instituto Ipsos. O índice caiu de 0,665 em 2023 para 0,652 neste ano, numa escala que vai de zero a um, indicando uma mudança sutil no perfil ideológico da população brasileira. A pesquisa, realizada em todo o país, analisou a opinião pública sobre temas polêmicos, como legalização do aborto, pena de morte, casamento entre pessoas do mesmo sexo, redução da maioridade penal e prisão perpétua para crimes hediondos.
Essa mudança foi influenciada principalmente por grupos como mulheres, idosos, pessoas de baixa renda e moradores das regiões Norte e Centro-Oeste, que manifestaram uma tendência mais progressista.
Retração com aumento tímido
Apesar dessa retração, o conservadorismo permanece mais elevado que os níveis mínimos registrados nos anos anteriores, com 49% da população enquadrada em alto grau de conservadorismo, 44% em grau médio e apenas 8% em baixo grau. Por outro lado, houve avanço do conservadorismo entre homens, pessoas com ensino superior e famílias com renda superior a cinco salários mínimos, especialmente nas capitais, tradicionalmente mais progressistas.
O levantamento revelou que 72% dos brasileiros são favoráveis à prisão perpétua para crimes hediondos, enquanto 65% apoiam a redução da maioridade penal. Já a pena de morte é rejeitada por 49%, embora 43% ainda defendam sua aplicação.
Entre as pautas sociais, o apoio ao casamento homoafetivo registrou a maior queda, caindo de 44% para 36% em apenas um ano, interrompendo uma estabilidade anterior. A legalização do aborto manteve o patamar baixo, com apenas 16% de apoio e ampla rejeição de 75%, mesmo entre os grupos que reduziram seu conservadorismo geral.
Esses dados indicam que, embora o Brasil esteja apresentando uma leve mudança no posicionamento conservador geral, as opiniões sobre temas polêmicos seguem profundamente divididas, refletindo um cenário político e social de complexa polarização.
Fonte: Brasil 247 e Ipec