Política

REDUÇÃO DE PENAS

CCJ do Senado aprova PL da Dosimetria, e plenário pode analisar ainda nesta quarta

Texto aprovado reduz penas de Bolsonaro e condenados por tentativa de golpe; relator utilizou manobra para evitar volta do projeto à Câmara

Quarta - 17/12/2025 às 17:00



Foto: A previsão  agora é que o ex-presidente Bolsonaro possa progredir ao semiaberto em 23 de abril de 2033
A previsão agora é que o ex-presidente Bolsonaro possa progredir ao semiaberto em 23 de abril de 2033

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (17), por 17 votos 7, a proposta que reduz as penas de Jair Bolsonaro (PL) e de outros condenados por atos golpistas. Aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 8, o projeto conhecido como PL da Dosimetria seguirá para votação no plenário do Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), já incluiu o texto na agenda desta quarta.

A proposta estabelece um mecanismo para tornar mais rápida a progressão do regime de pena, quando um condenado sai de uma modalidade mais severa e passa para um regime mais brando,  para os condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Também prevê redução de até 2/3 da pena imposta aos vândalos comuns dos ataques de 8 de janeiro de 2023. E determina que, em caso de condenação simultânea, o crime de tentativa de golpe de Estado (com penas maiores) absorverá o de tentativa de abolição do Estado.

A aprovação do texto ocorreu após críticas de parlamentares e frustrou um movimento de bastidor para adiar a análise do projeto. Na reunião desta quarta, senadores do PT tentaram aprovar três tipos de requerimentos diferentes para empurrar a discussão da proposta para 2026  e foram derrotados em todos.

Relator do texto, o senador Esperidião Amin (PP-SC) utilizou manobra para evitar a volta do projeto à Câmara. O parlamentar mudou o conteúdo da proposta e direcionou a nova progressão de pena apenas para aqueles que cometerem crimes contra o Estado Democrático de Direito. A medida foi uma resposta às duras críticas da opinião pública, de juristas e de parlamentares a brechas criadas pelos deputados que permitiriam que outros criminosos também fossem beneficiados pelo mecanismo.

Se for aprovado do jeito que está e a estratégia de Amin for validada pelo conjunto dos senadores, no plenário, o texto poderá seguir para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Amin chegou a afirmar que o texto da Câmara poderia acelerar a mudança de regime para condenados por favorecimento à prostituição e condutas previstas na Lei das Organizações Criminosas. Técnicos do Congresso também mencionaram, por exemplo, os crimes de coação no curso do processo e incêndio doloso.

O texto aprovado pela CCJ estabelece que os condenados por envolvimento com os ataques de 8 de janeiro de 2023 terão direito a progredir ao regime semiaberto após o cumprimento de 16% da pena no fechado. A legislação atual prevê que esses criminosos precisam cumprir ao menos 25% na modalidade mais severa para pleitear uma progressão.

A proposta também determina que:

  • em caso de condenação simultânea pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e de tentativa de abolição do Estado, prevalecerá a pena mais gravosa — e não mais a soma das penas;
  • nos crimes de tentativa de golpe de Estado e de tentativa de abolição do Estado cometidos em contexto de multidão — entendimento aplicado aos condenados pelo 8 de janeiro —, haverá redução da pena de 1/3 a 2/3, desde que o criminoso não seja uma liderança ou um financiador;
  • o tempo de estudo e trabalho em prisão domiciliar também sirva para reduzir a pena de condenados.

O relator do PL da Dosimetria na Câmara, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), afirmou que o projeto levaria Bolsonaro a cumprir apenas 2 anos e quatro meses em regime fechado. O cálculo, segundo ele, também contabiliza reduções por estudo e o abatimento do período no qual o ex-presidente ficou preso em casa.

Pelas regras atuais, Jair Bolsonaro terá direito a pedir a progressão após cumprir cerca de sete anos no regime fechado. A previsão da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal é de que o ex-presidente possa progredir ao semiaberto em 23 de abril de 2033. 

O chamado PL da Dosimetria foi a saída encontrada pelas cúpulas da Câmara e do Senado e por líderes partidários para responder à pressão de aliados de Bolsonaro por um perdão integral das penas, a anistia. Ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) narrou nesta quarta que uma proposta de revisão de penas era discutida desde o começo do ano por Alcolumbre e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Pacheco afirmou que há um entendimento, em diversos setores do Congresso, de que é necessário adequar a pena dos condenados pelos ataques de 8 de janeiro. "Para se evitar uma anistia", disse.

Fonte: G1

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