
O presidente da Câmara Municipal de Teresina, vereador Enzo Samuel (PDT), anunciou nesta segunda-feira (7) que a Casa Legislativa encaminhará uma consulta ao Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) para esclarecer os procedimentos referentes à possível convocação do suplente de Tatiana Medeiros (PSB), vereadora presa na última quinta-feira (3) durante a Operação Escudo Eleitoral da Polícia Federal. O suplente imediato é Leônidas Júnior.
A iniciativa busca determinar se Leônidas Júnior pode assumir o cargo imediatamente ou se é necessário aguardar o prazo de 60 dias, conforme previsto no regimento interno da Câmara. Enzo Samuel destacou a importância de obter orientações precisas da Justiça Eleitoral para proceder adequadamente. Além disso, a consulta abordará o funcionamento do gabinete de Tatiana Medeiros durante seu afastamento. "Queremos entender da Justiça Eleitoral se, com esse afastamento, convoca-se ou não o suplente imediato, se há um prazo para essa convocação e como fica a situação do gabinete", explicou o presidente da Câmara.
Anteriormente, o procurador-geral da Câmara, Pedro Rycardo Couto, havia indicado que a convocação do suplente ocorreria somente após 60 dias de afastamento. Contudo, com a decisão de consultar o TRE-PI, existe a possibilidade de antecipação na posse de Leônidas Júnior.
O ex-petista Leônidas Júnior pode assumir vaga deixada por Tatiana na Câmara de Teresina - Reprodução/Redes Sociais
Enzo Samuel ressaltou que a Câmara Municipal seguirá as determinações judiciais e colaborará integralmente com as investigações em curso. "A forma de conduzir campanhas eleitorais está regida pela nossa Constituição Federal e pelas nossas leis, e todos devem respeitá-las. Este é um processo inicial, e a Câmara espera que todo o trâmite legal seja respeitado. Não cabe a nós entrar no mérito; isso é competência da Justiça Eleitoral. Cumpriremos tudo o que for encaminhado pela Justiça", afirmou.
Operação Escudo Eleitoral
Tatiana Medeiros foi detida durante a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, que investiga o suposto financiamento ilícito de campanhas com recursos provenientes de facções criminosas. As investigações apontam possíveis vínculos entre a vereadora e Alandilson Cardoso Passos, seu namorado à época e identificado como integrante de uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Alandilson foi preso em novembro de 2024 em Belo Horizonte, enquanto estava foragido. Antes disso, a residência de Tatiana já havia sido alvo de uma operação do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), mas, na ocasião, ela não foi formalmente acusada.
Na operação recente, além da prisão de Tatiana Medeiros, foram cumpridos outros sete mandados judiciais, incluindo busca e apreensão e afastamento de agentes públicos. A Polícia Federal também investiga servidores da Câmara Municipal, da Assembleia Legislativa do Piauí e da Secretaria de Saúde do Estado.
Após audiência de custódia realizada na sexta-feira (4) no TRE-PI, a justiça decidiu manter Tatiana Medeiros presa. A defesa solicitou o relaxamento da prisão, argumentando que outras medidas cautelares seriam suficientes para garantir o andamento da investigação. Contudo, o Ministério Público pediu vistas sobre a solicitação, e a vereadora permanece detida enquanto o órgão analisa a situação.
Durante a audiência, Tatiana não foi questionada sobre o inquérito ou as acusações, sendo realizadas apenas perguntas procedimentais. O juiz Luís Henrique atendeu ao pedido da defesa para que Tatiana fosse transferida para a Sala de Estado Maior, localizada no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em conformidade com o Estatuto da Advocacia, devido à sua profissão de advogada. A expectativa é que o magistrado se manifeste nos autos sobre a manutenção ou não da prisão da vereadora nos próximos dias.
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