Política

Braga Netto comandou 'milícia digital' contra militares que não apoiavam o golpe

Braga Netto comandou milícia digital contra militares que não apoiavam o golpe

Investigações da PF revelam uma complexa rede de atuação caracterizada como uma “milícia digital”

Da Redação

Sexta - 16/02/2024 às 13:15



Foto: Beto Barata / PR Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, general Walter Braga Netto
Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, general Walter Braga Netto

A investigação da Polícia Federal sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados em uma possível tentativa de golpe de Estado revelou uma complexa rede de atuação que a polícia caracteriza como uma “milícia digital”. A descoberta foi feita durante a continuação das investigações conduzidas pela PF na chamada Operação "Tempus Veritatis".


De acordo com a corporação, esse grupo disseminava notícias falsas que questionavam o processo eleitoral, distribuía relatórios falsos sobre urnas e se aproveitava de informações obtidas ilegalmente por hackers. Um dos alvos dos ataques do grupo foi o general Tomás Paiva, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Exército em fevereiro de 2023.


Segundo informações obtidas pela PF, o ex-ministro da Casa Civil do Brasil, Braga Netto, realizou ataques a Paiva para que repercutissem entre perfis bolsonaristas. Nos ataques, o general teria sido chamado de “PT desde pequeninho”. Outra frente de ataques ao sistema eleitoral foi liderada pelo economista e blogueiro Paulo Figueiredo Filho, que, segundo a investigação, tentava incitar os militares a aderirem ao suposto plano golpista, vazando informações internas. Figueiredo também foi responsável por ataques a generais como Tomás Paiva em programas de televisão.


A estratégia da "milícia digital" também incluiu a disseminação de vídeos com informações falsas sobre a eleição. Durante uma live conduzida por um consultor argentino, foi apresentado um estudo falso alegando disparidades na distribuição de votos em urnas eletrônicas, favorecendo Lula. Esse material foi compartilhado por Tércio Arnaud, então assessor da Presidência.


Além disso, a PF destaca que até mesmo informações obtidas por hackers foram utilizadas pelo grupo para tumultuar o processo eleitoral. Em uma troca de mensagens, o tenente-coronel Mauro Cid mencionou receber informações de um “cara de TI, hacker", e em outro diálogo, foram compartilhados áudios alegando fraudes nas urnas em favor de Lula, especialmente no Nordeste, após o encerramento da votação.


De acordo com o blog da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, além de Braga Netto, o general Márcio Fernandes, que chegou a ocupar interinamente a Secretária-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro, também teria exercido pressão sobre a cúpula militar por uma possível intervenção golpista.


Fernandes divulgou uma carta aberta pedindo uma ruptura institucional que circulou nas redes bolsonaristas às vésperas da diplomação de Lula como presidente eleito, onde afirmava a "urgência" de uma auditoria nas urnas e a necessidade de "imposição ao Judiciário" nesse sentido.

Fonte: Brasil.247

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