Mas duas criancas que teriam sido vitimas de abusos sexual do coronel da Polícia Militar do Piauí, Ricardo Pires de Almeida, resolveram falar. Uma só teve coragem de falar 14 anos depois da ocorrência. A jovem, hoje com 24 anos, foi ouvida pelo Ministério Público na manhã desta quinta-feira (31.10) em Teresina. A outra é de Jaicós, no Sul do Piauí, e deve depor nas próximas horas.
A Polícia Civil já abriu inquérito para apurar as denúncias contra o oficial. Como o caso envolve crianças, as investigações estão sob sigilo, mas a mãe de outra criança, de Jaicós, no Sul do Piauí, que também teria sido vítima já procurou um advogado para acompanhar a apuração.
Segundo fonte do meio policial, o caso de Jaicós ficou encoberto porque a família teve medo de denunciar, mas agora estaria sendo acompanhado pelo advogado Jacinto Teles Coutinho, que deve se pronunciar nas próximas horas.
Ricardo Almeida foi afastado das funções e se apresentou hoje pela manhã ao Comando da Polícia Militar do Piauí acompanhando de familiares e um advogado. Segundo fonte da PM, o promotor vai ouvir outras testemunhas e já teria pedido a prisão preventiva do coronel.
Conforme informações da PM, a Vara Judicial de Paulistana decretou a recolhimento do coronel durante as investigações. A defesa do coronel informou que ele se apresentou espontaneamente no Quartel do Comando Geral da PM do Piauí nesta quinta-feira (31).
A nova denúncia contra o coronel PM partiu da filha de um empresário e compadre do militar, residente na Zona Norte de Teresina. A jovem teria sido abusada quando tinha 10 anos, mas só agora teve coragem de falar sobre o assunto, após a primeira denúncia vir à tona nesta quarta-feira (30.10).
Abalada, mas se sentindo aliviada, ela contou aos pais e ao Ministério Público que, certa vez, ao dormir na casa do militar, acordou com o coronel de joelhos, próximo ao seu rosto, se masturbando. A menina dormia no mesmo quarto que outras duas crianças, filhas do acusado. O depoimento foi no Quartel do Comando Geral da PM e levou quase duas horas.
Ela também relatou que ficou calada durante 14 anos porque, na época, teve medo de não acreditarem nela e de causar confusão entre as famílias. Ao ouvir o relato da filha, o pai procurou o Ministério Público, e a jovem foi ouvida nesta quinta-feira (31.10), no QCG da PM em Teresina.
Ainda na quarta-feira (30.10), o promotor de Justiça Assuero Stevenson Pereira Oliveira, da 9ª Promotoria de Justiça de Teresina, decidiu abrir um inquérito policial militar para investigar o oficial, que é acusado de abusar de uma criança de 11 anos de idade na cidade de Paulistana. O promotor ouviu na manhã desta quinta-feira (31.10), a jovem que teria sido mais uma vítima a acusar o militar.
Há informações de que ainda ontem (39.10), um familiar do coronel teriam ligado para a moça para tentar dissuadí-la de fazer a denúncia ao MP. A vítima, no entanto, não concordou com a tentativa de coação, depôs no Ministério Público e cobrou justiça para que outras crianças não sejam vitimas desse tipo de crime.
Entenda o Caso
A primeira denúncia de abuso sexual infantil contra o coronel Ricardo Almeida partiu da esposa de um cunhado dele. A família é de Paulistana. Uma menina de 11 anos teria sido estuprada. A mãe da menina usou as redes sociais para denunciar o policial militar, afirmando que o crime ocorreu na casa do avô da criança, em Paulistana. A vítima revelou que já havia sido violentada outras vezes pelo policial.
"Estou muito abalada, mas não posso me calar sobre o que aconteceu com a minha filha. Ela foi abusada por um monstro, o coronel Ricardo, de Teresina. O fato aconteceu na casa dos avós paternos. Eu estava no trabalho e minha filha me ligou aos prantos pedindo: 'mamãe, vem me buscar'. [...] Minha filha relatou que não é a primeira vez e já há outras vítimas, porque ele está acostumado. Não sei se vão se pronunciar, mas eu não vou me calar", afirmou a mãe.
A mulher desabafou que a filha está traumatizada e que não consegue trabalhar para dar assistência a ela. "Hoje estou com minha filha traumatizada, não estou indo trabalhar, porque sempre tem que ficar alguém com ela. Vou fazer o que for preciso pelos meus filhos. Minha filha tem 11 anos, não joga mais bola, não vai brincar na pracinha com as amigas, mudou tudo, e eu peço justiça. Faço um apelo ao governador. Uma pessoa que deveria acolher nossas crianças está abusando. Do jeito que ele fez com minha filha, ele é um monstro", ressaltou.
Em nota, a Polícia Militar informou que acionou a Corregedoria-Geral para colaborar com o inquérito e solicitou cópias do processo policial para a abertura de um procedimento administrativo interno. O órgão afirmou que a situação é acompanhada de perto pela corporação, e que medidas administrativas serão tomadas conforme os resultados das investigações.
Nota da PM
Nota da delegada
A delegada Thainah de Sousa Teixeira, responsável pelo caso, comunicou que os detalhes da apuração não serão divulgados para preservar o sigilo e proteger a vítima. "Todas as diligências necessárias foram realizadas até o momento, e novas ações poderão ser tomadas conforme o desenvolvimento dos fatos", afirmou a delegada em comunicado oficial.
Nota da Divisão de Atendimento às Mulheres e Grupos Vulneráveis de Paulistana-PI
"A DIVISÃO DE ATENDIMENTO ÀS MULHERES E GRUPOS VULNERÁVEIS DE PAULISTANA-PI informa que as investigações referentes ao caso estão em andamento. Reforçamos que, por se tratar de uma apuração sigilosa, não é possível fornecer mais detalhes neste momento, a fim de preservar a eficácia dos trabalhos e evitar prejuízos à investigação.
Esclarecemos que todas as diligências necessárias foram realizadas até o momento, e novas ações poderão ser tomadas conforme o desenvolvimento dos fatos e a necessidade da elucidação completa do caso. Contamos com a compreensão de todos e reafirmamos nosso compromisso com a verdade e a justiça.
Atenciosamente,
Thainah de Sousa Teixeira
Delegada de Polícia".
Fonte: MP/PM-PI