Uma tragédia marcada pela violência de gênero chocou a comunidade da Cacimba Velha, zona rural leste de Teresina, na manhã deste domingo. Viviane Guilherme da Silva Costa, 26 anos, foi assassinada com um tiro de espingarda na cabeça pelo ex-namorado, Antônio Francisco Pereira da Silva, 56 anos, conhecido como "Titôin". Após cometer o feminicídio, ele tirou a própria vida. O crime ocorreu por volta das 10h30, no povoado Amparo.
Viviane, mãe de três filhos – o mais velho com apenas 8 anos –, havia terminado o relacionamento com Antônio há 20 dias e voltado a morar com os pais no assentamento Bom Sossego, próximo ao povoado Tapuia. O casal mantinha uma relação conturbada. Antônio era muito ciumento e não aceitava o fim do relacionamento, insistindo para que Viviane voltasse. Na manhã do crime, a jovem foi à casa do ex-companheiro para buscar os cadarços de um tênis, pois iria participar de um jogo de futebol com amigos no povoado Tapuia.
Testemunhas relataram que pode ter havido luta corporal no local. A moto que Viviane utilizava foi encontrada caída no chão e danificada. Os corpos foram localizados dentro da residência: Viviane estava na porta do quarto, e Antônio, sentado ao lado da cama que pertencia ao casal. O caso gerou comoção na região, onde o casal era bastante conhecido.
Os amigos e familiares
Os amigos e familiares do casal estão chocados com a tragédia. Ana Paula, uma amiga dela que mora na Cacimba Velha, contou que Viviane e Antônio tiveram um relacionamento de pouco mais de um ano. "Eles chegaram a morar juntos, mas ela se separou há poucos dias e voltou a viver com os pais", disse Ana Paula, acrescentando que, no momento do crime, Viviane se preparava para um momento de lazer com amigos e participaria de um jogo de futebol no povoado Tapuia.
"Ela foi até a casa do ex-namorado para pegar os cadarços de um tênis quando foi surpreendida. Testemunhas acreditam que houve luta corporal, pois a motocicleta da vítima foi encontrada jogada no chão. Os corpos foram achados dentro da casa: Viviane estava na porta do quarto e Antônio sentado ao lado da cama que era do casal", explicou a amiga de Viviane.
Antônio e Viviane tiveram um relacionamento de pouco mais de um ano (foto:redes sociais)Feminicídio
O crime contra Viviane reflete uma triste realidade no Brasil, onde os casos de feminicídio seguem em ascensão. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, foram registrados 1.463 feminicídios no país, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. No Nordeste, o Piauí aparece como um dos estados com maior taxa de feminicídios por habitante, com 2,5 casos por 100 mil mulheres em 2023.
No Piauí, a situação é ainda mais preocupante. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado revelam que, em 2023, foram registrados 45 feminicídios, um aumento de 10% em comparação com 2022. A maioria dos casos ocorreu em contextos de violência doméstica, envolvendo ex-companheiros ou parceiros íntimos.
A Polícia Civil foi acionada e isolou a cena do crime. Peritos realizaram os procedimentos de praxe, e os corpos foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exames. Familiares e amigos de Viviane estão em estado de choque com a tragédia, que deixou três crianças órfãs, Gustavo de 8 anos, Sophia de 5 e João de 4 anos.
Violência de gênero
O caso de Viviane reforça a urgência de políticas públicas eficazes para combater a violência contra a mulher. Especialistas destacam a importância da aplicação da Lei Maria da Penha e da ampliação de redes de apoio às vítimas, como delegacias especializadas e abrigos. Além disso, campanhas de conscientização e educação sobre gênero são fundamentais para mudar a cultura machista que perpetua esses crimes.
A morte de Viviane é mais um triste capítulo na história da violência de gênero no Brasil. Enquanto o país não avançar na proteção efetiva das mulheres e no combate ao machismo estrutural, casos como esse continuarão a chocar e a ceifar vidas. A sociedade precisa se unir para garantir que histórias como a de Viviane não se repitam.
A moto em Viviane andava estava jogada no chão no terreiro da casa onde ocorreu a tragédiaCentro de Valorização da Vida – CVV
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