A Operação Carbono Oculto 86, que investiga uma organização criminosa atuando no setor de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins, com a participação de um braço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo. A revelação foi feita pelo secretário de Segurança do Piauí, Chico Lucas, durante entrevista à Globo News, na quarta-feira (12), quando anunciou a intenção de pedir o ingresso da Polícia Federal para ajudar nas investigações em andamento.
De acordo com o secretário, a operação revelou um esquema sofisticado no qual um fundo de investimento da chamada "Faria Lima", termo que se refere ao mercado financeiro paulistano, aplicava recursos no Nordeste para lavagem de dinheiro. A organização, descrita como uma "franquia" do PCC, utilizava uma rede de 49 postos de combustível para ocultar a origem ilícita dos valores.
"É a primeira vez que a gente tem um braço financeiro do PCC de São Paulo, ou seja, da Faria Lima; um fundo de investimento, aplicando o recurso no estados do Nordeste", explicou Chico Lucas.

Alto padrão e ostentação
O perfil dos investigados, segundo o secretário, é completamente diferente do criminoso tradicional e violento. Ele descreveu os alvos da operação como pessoas que "frequentam os melhores lugares", são "próximas das autoridades", têm esposas com influência nas redes sociais e convivem socialmente com a elite local.
Esse perfil de alto padrão e a ausência de histórico violento foram decisivos para a Justiça não decretar as prisões preventivas solicitadas pelo Ministério Público. "Houve esse entendimento justamente porque são pessoas que não são violentas, elas não foram presas", confirmou o secretário. Apesar disso, ele afirmou que novos desdobramentos estão sendo planejados.
A movimentação financeira do grupo é estimada em R$ 5 bilhões em dois anos, valor que foi alvo de bloqueio pelas autoridades. As investigações também apuram possíveis interferências políticas e financiamento de campanhas eleitorais com os recursos desviados.
Integração entre estados foi crucial
Chico Lucas destacou a importância da integração entre as polícias e os Ministérios Públicos de diferentes estados para o sucesso da operação. A Carbono Oculto 86 só pôde ser deflagrada após o compartilhamento de informações entre as equipes do Piauí e de São Paulo, Maranhão e Tocantins.
O secretário Chico Lucas disse que com a deflagração da Carbono Oculto em São Paulo, ficou claro o que estava ocorrendo."Nós percebemos que os atores envolvidos em São Paulo eram os mesmos do Piauí: os fundos, os empresários, os advogados, os contadores, os laranjas", detalhou.
Chico Lucas enfatizou a necessidade de os órgãos estaduais saírem do "isolamento" e partirem para a "integração". "Porque se o crime é organizado, só com o Estado organizado, sem vaidades e sem essa busca do protagonismo, nós teremos uma solução definitiva", concluiu.
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