![Casal envolvido no acidente com aeronave pilotada por jacinto Lay presta depoimento a Polícia Federal](https://piauihoje.com/uploads/imagens/1ed8122660dd60f87dab3a40370ccc6f-1-1739385072.jpeg)
Keilliane Pereira de Santos, 27 anos, e Jardel Ramiro, companheiro de Keilliane, estiveram na sede da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (12) para prestar depoimento sobre o atropelamento no caso do acidente envolvendo o médico Jacinto Lay. Eles foram atingidos após a aeronave conduzida pelo médico cair na BR-316, em 8 de setembro de 2024, entre os bairros Lourival Parente e Parque Piauí, na zona Sul de Teresina.
O advogado da família, Lúcio Tadeu, compareceu junto ao casal durante o depoimento. Ele afirma que a defesa aguarda a conclusão do inquérito para tomar decisões, incluindo o pedido de uma possível indenização.
“A gente ta na torcida para que seja concluída a causa do acidente. Se foi falha mecânica, se foi falha humana, precisamos saber da situação da Keliane. Como ela já demonstrou, ela não goza 100% das suas condições físicas para se locomover e trabalhar, além da situação mental também. Ela anda muito confusa. Cheguei e ela não me reconheceu. Tudo ela depende de terceiros. Depois da conclusão do inquérito vamos conversar sobre esse assunto (indenização) com a advogada que representa a família do médico”, explicou o advogado.
Keilliane Santos disse não ter lembranças recentes de sua vida e afirmou ainda que nos últimos seis meses precisou passar por um longo processo de reabilitação para lembrar até mesmo da própria filha.
“Não consigo lembrar de muita coisa. Lembro de quando eu era adolescente, quando era criança, dessas coisas, mas a parte mais difícil para mim foi a questão da minha filha, porque eu não lembrava dela. Eu olhava para ela e dizia: oxe, quem é aquela menina? Ficava me questionando e então comecei a rejeitar ela e foi depois que eu comecei a lembrar. Depois que comecei a ver e entender que ela é minha filha”.
Keilliane estava na garupa de uma motocicleta pilotada pelo marido, quando ambos foram surpreendidos com a aeronave caindo, colidindo com a moto e com a Van e em seguida bateu em uma parada de ônibus.
“Minhas lembranças são todas do acidente, a memória lembra de tudo. O que mais me chocou, foi a gente pedir socorro e a população só querendo filmar. No momento em que ele tocou na van, rodou para trás da van e eu consegui puxar para o lado direito. Infelizmente ainda triscou nela e jogou a gente para o acostamento. Desesperado, pedindo ajuda até chegar os paramédicos. Eu também sou muito grato a duas pessoas que me ajudaram, anjos, que quando caímos disseram que iam ficar com ela, para eu ir atrás de ajuda, que ninguém mexeria com ela. Quero até agradecer. Eles foram essenciais no momento do acidente”, explicou Jardel.
Processo de Recuperação de Keliane
Hoje Keilliane Santos é acompanhada apenas por uma fisioterapeuta, que auxilia no processo de recuperação motora. Ela vem conseguindo evoluir aos poucos e atualmente consegue, com muita força dar alguns passos.
“Às vezes eu penso em ajudar a minha mãe em casa, fazer uma coisa ou outra, mas é mesmo que nada. Eu tento, mas quando chego no momento o movimento não sai. Agora eu fico de pé e consigo dar alguns passinhos. Espero sair dessa situação. De voltar à vida que eu tinha, era uma vida corrida, mas era minha vida. Era o que eu conseguia fazer, ajudar minha mãe, mas não consigo mais. Não tenho mais essa expectativa de ajudar ela, de ser uma pessoa como eu era antes”, desabafa.
O casal prestou depoimento na sede da Polícia Federal e agora aguarda os próximos passos da polícia. Os dois têm dois filhos e sentem que nasceram novamente.
“Esperamos o que for viável. O que for do nosso direito. Somos sobreviventes. É uma nova data para comemorar, um novo aniversário”, afirma Jardel.