
O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, encaminhou à Justiça, na manhã desta sexta-feira (8), o inquérito sobre a morte do cabo da Policial Militar Samuel Borges, executado pelo também policial militar Francisco Ribeiro dos Santos Filho, lotado no 11º BPM, em Timon (MA). O crime aconteceu no bairro Jóquei Clube, na zona Leste de Teresina, na manhã do dia 1º de fevereiro deste ano. O cabo filmou a própria morte.
Barêtta disse que o PM foi extremamente profissional, até na hora de morrer. Samuel filmou inclusive o primeiro disparo efetuado contra o seu abdômen. O inquérito tem 135 páginas e foi presidido pelo delegado Danúbio Dias. A tese de que houve legítima defesa foi refutada pelo inquérito, que Baretta diz ser robusto de provas, um "corpo de delito".
De acordo com Barêtta, Samuel não foi morto devido a uma briga de trânsito, mas devido a uma abordagem, pois o autor do homicídio, Francisco Santos, estava com duas armas e uma delas era irregular.
A confusão começou quando Samuel Borges abordou o policial do Maranhão em um semáforo próximo ao Xamegão Forró, na Avenida Presidente Kennedy. Samuel percebeu que havia algo errado porque Francisco Santos estava com algo volumoso na cintura e trafegava em uma moto sem placas. “O que é que tu quer?”, perguntou o assassino e saiu depois que o sinal abriu.
Os dois PMs se encontraram novamente em frente a Engecopi ainda na Avenida Kennedy. Samuel continuou atrás da moto de Francisco Santos até que os dois pararam na Rua Cândido Ferraz, em frente a uma escola particular.
Os dois começaram a discutir e os seguranças da escola chegaram a intervir. O policial do Maranhão pergunta o que Samuel Borges quer com ele e saca a arma. Samuel se identificou como policial.
O segurança da escola se aproxima e diz: “vocês são policiais, deixem de briga”. Os dois se afastam, parecendo que a discussão tinha se encerrado. Samuel percebe que Francisco tem uma outra arma escondida na cintura - um revólver 38, sem registro. O cabo pergunta se a arma era registrada e passou a filmar, dizendo que iria levar o caso para a Corregedoria da Polícia Militar.
“Você não vai sair daqui, vou te segurar”, disse Samuel. Então Samuel pegou a chave da moto do assassino. Segundo o Barêtta, o policial do Maranhão ficou inquieto porque Samuel estava filmando. “Se tu continuar filmando, eu vou te matar”, disse o autor do homicídio.
Quando Samuel se afastou, o soldado Francisco Santos efetuou o primeiro disparo. Samuel foi atingido com três tiros, dois no abdômen e um na nuca e morreu na frente do filho de oito anos, que testemunhou a discussão desde o início.
Sobre o vídeo, feito com o celular pelo cabo Samuel, Barêtta explicou que as imagens não foram divulgadas a pedido da família, mas que elas são a principal prova do homicídio, com o agravante do motivo torpe.
Fonte: Paulo Pincel