Nacional

No Dia da Mentira, Bolsonaro espalha vídeo fake e depois apagar de suas redes sociais

As mentiras do presidente, os ataques aos governadores e a demora na liberação dos recursos para enfrentar a pandemia da Covid-19 podem levar o país à convulsão social

Por Luiz Brandão

Quarta - 01/04/2020 às 15:03



Foto: Agência Brasil Jair Bolsonaro em rede nacional de TV
Jair Bolsonaro em rede nacional de TV

No pronunciamento que fez à Nação na noite de terça-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro passou a impressão que havia recuado das suas posições e se aliado aos governadores que decretaram isolamento social em seus estados para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Mas não. Foi só mais uma fake idealizada por ele, pelos filhos e alguns assessores, transmitida em cadeia nacional de rádio e TV, para tentar se manter mais uns dias no cargo. Isolado politicamente e sem o apoio que pensava ter dos militares, Bolsonaro quis mostrar que estava preocupado com a vida do povo e com a economia do País.

Tudo só da boca pra fora, como se diz por ai. Nas primeiras horas do dia seguinte ao falatório ele mostrou o que realmente pensa e quer fazer no país. Logo cedo, espalhou através de suas redes sociais uma grande mentira, chamada agora de fake news.

Trata-se de um vídeo, falando sobre desabastecimento na Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa MG) em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A fake também promove ataques aos governadores.

Mentira. Notícia falsa, claro, mas Bolsonaro, seus filhos e seguidores compartilharam aos milhares nas redes sociais. No vídeo, uma pessoa tenta responsabilizar os governadores contrários às posições do presidente pelo desabastecimento da Ceasa de MG.

Mais como mentira tem as pernas curtas, logo a postagem compartilhada pelo presidente foi desmascarada antes do meio dia desta quarta-feira (01.04). Filas de caminhões abastecendo a Ceasa de Minas foram mostradas. 

Mais tarde a própria diretoria da empresa lançou nota dizendo que o abastecimento estava normal, apesar da situação imposta pelo novo vírus em todo o mundo.

A mídia divulgou amplamente o fake que Jair Bolsonaro espalhou e depois apagou de suas redes sociais. O vídeo teria sido gravado, na véspera, na Ceasa. Nas imagens, um homem aparece mostrando o local vazio e dizendo que há desabastecimento.

Mesmo sem checar a veracidade da Informação, como faria qualquer pessoa sensata, para saber que se tratava de uma produção mentirosa ou não, no texto de Bolsonaro diz que "não é um desentendimento entre o presidente e alguns governadores e prefeitos", e que "são fatos e realidades que devem ser mostrados".

Pelo visto, o pronunciamento foi só mais uma tentativa de aliviar a tensão no próprio governo, porque está sendo noticiado por grandes veículos de comunicação do país que Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes esperam uma convulsão social para liberar dinheiro da urgência da Covid-19  e aparecer como salvadores da pátria.

Com a demora na liberação dos recursos para socorrer os brasileiros que estão precisando de dinheiro para sobreviver as condições para o caos estariam criadas. Bolsonaro e Guedes, então passariam a liberar os R$ 600 aos pobres desesperados para a ganhar a fama de heróis.

Hoje (01.03), depois de muita pressão, o capitão, pela primeira vez, promoteu sancionar ao projeto de emergência aprovado pelo Congresso e disse que vai liberar recursos para estados, municípios, empresas e desempregados. Mas até agora não saiu o dinheiro só está na promessa. A previsão é que seja liberado lá pelo dia 15.

É preciso ressaltar, sempre, que o dinheiro não é do governo. É da Nação. E também que os R$ 600  para socorrer cada trabalhador não foi uma iniciativa do governo e sim das oposições e do Congresso Nacional (Câmara e Senado). O governo queria passar apenas R$ 200 e foi fragorosamente derrotado.

Atualmente, a maior dúvida no Brasil é saber até quando um presidente da República mentirá descaradamente para impor seus pensamentos e o povo e os demais poderes vão se manter calados e aceitar essa realidade como se fosse normal.

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